A sua realização estava no trabalho

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Reverenciamos os mortos pelo respeito que a morte nos merece, mesmo que os que partem não sejam nossos conhecidos. Há, no entanto, gente cuja partida nos toca de forma sentida. Um bom cidadão e bom amigo, mesmo sabendo-se que a morte só pode ser adiada, porque mais tarde ou mais cedo chega para todos, fica na nossa memória até ao dia em que, também para nós, a partida não mais possa ser alongada.

Partiu Cachina de Morais. Encerra-se para ele o ciclo da vida que viveu com paixão. Gostava de viver, trabalhar e ser feliz junto da família que construiu. Não passava ao lado dos desafios que lhe iam surgindo, antes os enfrentava com determinação, na disposição de os vencer. 

Foi futebolista, jogou no seu, e nosso, vianense, quando Viana amava o futebol e tinha uma equipa na segunda divisão, que proporcionava encontros de casa cheia. Enquadrava-se em equipas de bons e conhecidos jogadores da cidade. Elegante no campo, suficientemente alto, era vê-lo a contribuir com normalidade para a harmonia de equipas ganhadoras que disputavam as melhores classificações do seu escalão.

Trabalhou nos ENVC, onde, no domínio da organização do trabalho, adquiriu formação para se aventurar a criar negócios próprios. Nesta empresa, abraçou a sociabilidade com espontaneidade, até porque a sua condição de jogador de futebol muito por aí o tinha conduzido. Foi dirigente do Grupo Desportivo e Cultural dos Trabalhadores dos ENVC e, também, um dos pioneiros na criação dos jogos de futebol inter-serviços, gerando e orientando uma equipa regularmente ganhadora no Serviço de Métodos, onde trabalhava, ainda hoje lembrada.   

Abraçou a vida empresarial com a mesma determinação com que trabalhava para as entidades empregadoras por onde passou. Foi fazendo o seu caminho na arte dos produtos regionais e com negócios paralelos variados, lembrando sempre aos antigos colegas de trabalho que a aprendizagem dele nos ENVC foi determinante para o sucesso que ia tendo na sua vida empresarial. 

“O sentido de organização do trabalho com que convivi durante bons anos deram-se a destreza intelectual para dar rumo à minha vida empresarial”, dizia-nos frequentemente.

Com o seu passo apressado, sem envelhecimentos que se lhe notassem, parecia que vendia saúde, como é normal dizer-se, só que na vida podemos andar todos muito enganados. 

De repente, a saúde rija passou a enfraquecimentos inesperados. Foi resistindo, mas não iludiu males instalados. Partiu, deixando tristeza à família e aos muitos amigos que soube fazer. Que esteja em paz. Para aqueles que amava, vai o nosso abraço solidário. 

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