Decorridos que vão cerca de 70 anos, eram tempos muito difíceis para os nossos pais. Convenhamos que muitas famílias o pouco de que dispunham, era repartido até à exaustão.
A falta de água canalizada, poços nos quintais para obter água potável, falta de eletricidade, ruas por alcatroar e poeirentas, dificuldades em deslocações, eram carências prementes.
A sobrevivência centrava-se no recurso à criação de animais, à matança do porco e alguma agricultura de subsistência, rudimentar e de minifúndio, nada comparada com as tecnologias de hoje. Poucas famílias eram as que, com meios, mais endinheiradas, desfrutavam nas aldeias em geral. Grandes lavradores, mas poucos!…Hoje praticamente extintos.
Veio então a emigração. Surgiram recursos para que proliferasse o desenvolvimento das povoações. As famílias passaram a dispor de melhores meios financeiros e a vida quotidiana foi-se tornando cada vez mais folgada, ao mesmo tempo, mais empreendedora.
O poder de compra permitia, agora, o restauro das casas, dos campos e de uma sociedade mais saudável, mais apropriada às carências. Com efeito, as remessas dos emigrantes fizeram progredir não só a minha aldeia como todas as outras à sua volta. Por todo o lado! Tudo isto a partir da década de 50. Poucas foram as casas que não sofreram transformações ao longo destes últimos 50/60 anos. O aspeto urbanístico mudou radicalmente. Já poucos terrenos restam, outrora lavradios, campos de milho, e, hoje, ocupados por vivendas à face das estradas.
O progresso imperou e continua a proliferar! Ainda bem.