O documentário “Camaradas de Armas”, com realização de Catarina Henriques, do mestrado em Cinema da Universidade da Beira Interior, é o grande vencedor do prémio PrimeirOlhar. O filme acompanha o curso de formação de praças fuzileiros, na Escola de Fuzileiros, ao longo das etapas da recruta, incluindo momentos únicos como a Marcha dos 50 km.
O júri do prémio PrimeirOlhar, composto pela antropóloga brasileira Ana Lúcia Ferraz, pela artista e investigadora Raquel Castro e pelo realizador Pedro Florêncio, deixou-se conquistar pelo documentário e considerou-o “um retrato próximo, intimista e despojado de uma comunidade que não vemos ser abordada regularmente”.
O júri destacou ainda o facto de o filme ter sido “realizado, produzido, filmado, sonorizado e montado pela mesma pessoa, a mesma que se coloca por trás da câmara em posição de escuta atenta e de olhar sensível a um território que também é institucional, histórico e político. Este filme procura claramente ultrapassar todas estas barreiras para se revestir de humanidade e romper preconceitos.”
Considerando “uma qualidade assinalável de obras a concurso”, o mesmo júri decidiu não só premiar o filme vencedor, mas também distinguir com uma menção honrosa o filme “Ver a China”, de Amanda Carvalho, aluna da Universidade de São Paulo – Escola de Comunicações e Artes, Curso de Audiovisual, do Brasil. O filme sobre o processo de produção de chá na província de Fujian mereceu a distinção por se tratar de “uma obra corajosa e delicada que coloca em cena uma viagem de afetos”, e que levou o júri a sublinhar uma enorme entrega ao outro, “uma visão de cineasta subtil, mas simultaneamente política”.
Já o prémio PrimeirOlhar Cineclubes, atribuído numa colaboração entre a Federação Portuguesa de Cineclubes e a Federación de Cineclubes de Galicia, distinguiu o documentário “República do Mangue”, de Julia Chacur, Priscila Serejo e Mateus Sanches Duarte, alunos da Oficina Lanterna Mágica – Arquivo Nacional do Brasil. O filme com um cariz experimental recupera arquivos para retratar a Zona do Mangue, no Rio de Janeiro, uma conhecida área de prostituição que enfrentou diversas perseguições ao longo do século XX.
O júri deste prémio, constituído por Fernando López Pérez, Pedro Medeiros, Ricardo Paz Díaz, destaca no filme “um trabalho de questionamento e investigação para reconstruir um episódio da história da cidade através de diferentes arquivos, criando uma estética que remete para a criação de videoarte e que se revelam com grande plasticidade no ecrã”.
Na XXI edição dos Encontros do Cinema de Viana, o prémio PrimeirOlhar selecionou 25 filmes para competição entre as mais de 80 candidaturas. Este prémio destaca anualmente a produção de cinema documental realizada por alunos de escolas de Cinema, Audiovisual e Comunicação, oriundos de Portugal, da Galiza e dos Países de Língua Portuguesa.
Os Encontros de Cinema de Viana são organizados pela associação AO NORTE em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Castelo e tiveram início no dia 18 de outubro, terminando este domingo, dia 5 de novembro com o anúncio dos vencedores