D. João Lavrador: “Fiz o que era a minha obrigação fazer”

O bispo da Diocese de Viana do Castelo assegurou que tinha de pedir o afastamento do padre André Gonçalves na sequência da denúncia de alegados abusos sexuais. D. João Lavrador confirmou, aos jornalistas, na última quinta-feira, a obrigação de encaminhar o processo para as instâncias judiciais e canónicas, sob pena de ser afastado da função.

“Nós fizemos um comunicado, que diz o que temos a dizer, com toda a abertura e corência. E com respeito pela lei e pelas pessoas”, referia o bispo. Acrescentando que “senti a obrigação de falar com as pessoas envolvidas”. 

D. João Lavrador escreveu também uma carta aos padres do Arciprestado de Monção e decidiu também enviar uma mensagem aos paroquianos, porque é uma situação que “cria perplexidade”. “Sinto que fiz o que era a minha obrigação”, assegura.

O bispo da Diocese conta que o afastamento do padre André Gonçalves das seis paróquias monçanenses (Abedim, Bela, Cambeses, Longos Vales, Sago e Portela) “emana da lei”. Adiantando que “um bispo quando recebe uma denúncia de um caso destes, não lhe compete ajuizar, mas compete-lhe fazer o processo para que nas instituições normais façam o seu juízo. Uma é a Santa Sé e na parte civil é a mesma coisa”. D. João Lavrador explica: “a norma, neste momento, diz: se o bispo não cumprir escrupulosamente com todos os ditames que lá estão, e que são estes que eu fiz, o bispo é afastado da Diocese”. Na parte civil, “se eu não comunicar sou incriminado”, diz D. João Lavrador. “Fi-lo agora e falo-ei sempre”, conclui.

Os párocos do Arciprestado de Monção vão assegurar o culto nos próximos tempos naquelas freguesias até ao processo estar concluído. “Neste momento, não temos ninguém”, refere. 

O processo canónico vai ser analisado pela “Santa Sé” e caso haja matéria avançam com a criação de um tribunal para julgar. Após esse processo é ditada a sentença que poderá passar pelo afastamento do pároco ou pela sua readmissão.

Jornalistas devem “falar a verdade”

D. João Lavrador convocou os jornalistas, na última quinta-feira, para apresentar a mensagem do Papa Francisco para o 57.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se realiza a 21 de maio.

Este ano o tema é “Falar com o coração. Testemunhando a verdade no amor”, apelando à necessidade de “não ter medo de proclamar a verdade, por vezes incómoda”.

“As redes sociais têm muitas emoções e muitas vezes falta a realidade dos factos”, manifestava D. João Lavrador. Apelando à necessidade de os jornalistas se deslocarem ao local do acontecimento.

“A riquíssima mensagem que nos é oferecida para iluminar a comunicação social no ano que atravessamos, cheio de sonhos, perplexidades, angústias, mas também com muita solidariedade, tanta gente a clamar pela paz”, salienta o bispo da Diocese. Acrescentando que “sentimos que a comunicação social deve ser uma voz que edifique uma sociedade mais humana, na qual a paz e a justiça, o bem e verdade estejam presentes”. Lamentando, no entanto, que o ser humano dê mais atenção “às desgraças”.  

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