5- Reflexões finais
Como já referimos, o Português desempenhou uma função notável como língua franca internacional, nos séculos XVI, XVII até meados do século XVIII, lugar que foi depois ocupado pela França até à segunda Grande Guerra e, desde então, pela língua inglesa.
O Português continua a ter um lugar de notável valor internacional. Com o crescimento de países, como o Brasil, Angola e Moçambique, as previsões demográficas indicam que o número de falantes atingirá mais de 350 milhões em meados deste século. Mas o Português não é só a língua oficial ou segunda língua nos países da CPLP. É também a língua dos emigrantes e luso descendentes em vários países europeus, americanos, africanos, asiáticos e oceânicos. No primeiro censo demográfico, efetuado em 1527, os portugueses eram apenas 1.122.000 e foi com esta pequena população que Portugal se expandiu pelo mundo, difundindo a sua língua e a sua cultura.
5.1 – «A língua é quase o único domínio da independência que nos resta (Jorge Miranda)»
Em virtude de vários fatores, entre eles o da globalização, estamos a atravessar uma fase pouco favorável ao nosso idioma. Usam-se demasiados estrangeirismos. Algumas pessoas com responsabilidades políticas e sociais deviam ter mais cuidado em proteger a nossa língua, mas nem todas procedem assim, esquecendo-se que o seu exemplo, através dos meios de comunicação social, é seguido por quem os ouve ou lê. Ora, uma língua que não se defende morre, e os tempos atuais são mais propícios a esses ataques. Pessoalmente não temos nada contra a língua inglesa, que até consideramos relativamente fácil, mas não concordamos com o seu uso constante, substituindo expressões que existem no nosso idioma. Em Portugal, como refere o Professor Jorge Miranda, «se admitem primeiras denominações de escolas universitárias em língua estrangeira», «se impõe outra língua a alunos portugueses (…)em aulas ministradas por professores portugueses em escolas universitárias portuguesas», «não se incentivam os alunos do Programa Erasmus a aprender Português…» e conclui, «apenas um provinciano antipatriótico e uma prática de subserviência pode explicar estes e outros factos, esquecendo-se que a língua é quase o único domínio da independência que hoje nos resta …» ( Jorge Miranda – Outro direito fundamental em risco: o direito à língua – Jornal Público, 09 Set-2013). Continua