O novo bispo da Diocese de Viana do Castelo partilhou sonhos, preocupações e prioridades e disse que a Igreja tem que “se empenhar decididamente” na construção de uma “humanidade nova”, antes da cerimónia de tomada de posse, registada no último sábado.
“Um momento muito significativo para mim, sem dúvida, mas significativo para todos nós. Estamos aqui para querer construir uma humanidade nova”, explicou D. João Lavrador.
Em conferência de imprensa, o novo bispo afirmou que “há uma humanidade nova, há uma sociedade nova, há uma civilização nova a construir”, e é aqui que temos de atuar e são “todos necessários”, por isso, considera que é algo onde “a Igreja tem que se empenhar decididamente”.
Sobre dialogar recordou que o Concílio Vaticano II (CVII) diz que a Igreja “está para dialogar com este mundo”, e salientou a importância de discernir “num tempo com alguma perplexidade, às vezes, muito baralhado”, mas com “desejo de valores”.
D. João Lavrador, que tomou posse na manhã do último sábado, na presença do núncio apostólico, D. Ivo Scapolo, e do Colégio de Consultores, também partilhou preocupações e a principal “é fazer que todos participem”, que todos possam “dar a sua opinião, sugestão”.
O bispo diocesano manifestou também preocupação com o “grau de marginalidade” no mundo e alertou para os “gritos terríveis” dos refugiados, e, em Portugal, para a pobreza, para as pessoas em situação de sem-abrigo, e para quem trabalha mas não tem “o necessário para o sustento da família”.
No contexto da pandemia Covid-19, referiu que “criou” novas situações de pobreza e potenciou as situações que já existiam, referindo que há “interesses do mundo” que “não olham à condição da pessoa”.
Entrada Solene
No domingo, à tarde, decorreu a Eucaristia da entrada solene do novo bispo, na Sé de Viana do Castelo, com a presença de autoridades civis, eclesiásticas e militares.
Na homilia da Missa a que presidiu, D. João Lavrador referiu que a “missão evangelizadora da Igreja”, que toca a cada batizado, “exige a formação cristã capaz de capacitar os cristãos para a sua vivência comunitária alicerçada na celebração da Eucaristia e a partir dela saber estabelecer um diálogo sereno, convicto e frutuoso com o mundo atual”.
O bispo sustentou que urge mudar os “paradigmas económicos, que só se corrigirão se colocarem a pessoa humana no centro das decisões e cujos projetos partam da primazia a dar aos pobres e excluídos”.
Em relação aos excluídos e marginalizados que sentem a “dignidade amordaçada”, o bispo destacou que devem gritar, com o intuito de despertar a consciência “tantas vezes adormecida”.
D. João Lavrador realçou, na homilia, que a Igreja presente no mundo “terá de se empenhar na verdadeira ecologia ou ecologia integral”.