A 10.ª edição do Festival Internacional de Documentário de Melgaço – MDOC vai contar com 22 estreias nacionais, três de produção portuguesa, e 31 filmes na seleção oficial, revelou a organização.
“Temos três estreias nacionais: o filme ‘Percebes’, de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires, que venceu o Prémio Cristal de Melhor Curta-Metragem do Festival de Cinema de Animação de Annecy, em França; ‘A Savana e a Montanha’, de Paulo Carneiro, que esteve na quinzena dos cineastas em Cannes; e ‘Couto Mixto’, de João Gomes”, descreveu à Lusa Patrícia Nogueira, codiretora do MDOC, que este ano se realiza entre 29 de julho a 04 de agosto, em Melgaço.
Entre os 31 filmes a concurso, 20 são longas-metragens e 11 curtas e médias-metragens, numa edição dominada por temas como a questão palestiniana, os direitos humanos, as migrações, o colonialismo, o ambiente, as questões de género.
Dos 31 documentários de expressão cinematográfica integrados na seleção oficial, nove são portugueses e 22 são internacionais – da Indonésia, França, Rússia, Alemanha, Áustria, EUA, Itália, Canadá e Países Baixos.
A questão palestiniana está presente no MDOC com três leituras diferentes sobre o conflito, indica a organização.
“Un Long Chemin Vers la Paix”, de Tal Barda, apresenta um manifesto de tolerância de um médico palestiniano que viu as suas três filhas mortas por um tanque israelita.
“Voyage à Gaza”, de Piero Usberti, exibe a perspetiva de um viajante estrangeiro que chega a Gaza na primavera de 2018 e é confrontado com as histórias de uma trabalhadora humanitária, um comunista convicto e uma aspirante a advogada.
A questão dos direitos humanos está presente nos filmes “Of Caravan and the dogs”, no qual Askold Kurov “aborda a asfixia do discurso e do pensamento independentes na Rússia de Putin” e em “Democracy Noir”, de Connie Field, no qual “uma jornalista, uma política e uma ativista decidem denunciar a natureza autocrática e populista do regime de Viktor Orbán, presidente húngaro que, atualmente, assume a presidência rotativa da União Europeia”.
A falta de direitos e a situação da mulher está em filmes como “My Stolen Planet”, da realizadora iraniana Farahnaz Sharif, forçada a imigrar, e “Maydegol”, de Sarvnaz Alambeigi, que tem como foco uma adolescente afegã imigrada no Irão.
“Fogo no lodo”, de Catarina Laranjeiro e Daniel Barroca, apresenta memórias da guerra colonial.
As migrações são abordadas em “As Melusinas à margem do rio”, de Melanie Pereira, filme em que cinco mulheres nascidas no Luxemburgo de famílias imigrantes, refletem sobre a sua identidade.
Em “Night of the coyotes”, Clara Trischler documenta como os habitantes de uma aldeia mexicana – que ficou praticamente deserta devido à imigração dos seus habitantes para os Estados Unidos – inventaram um jogo em que oferecem aos turistas a oportunidade de experimentarem a migração ilegal através da fronteira americana, para evitar que a aldeia desapareça.
“A Savana e a Montanha”, de Paulo Carneiro, que este ano foi selecionado para Cannes e no ano passado foi considerado Melhor Projeto em Montagem nos Prémios Arché do DocLisboa, “retrata a luta do povo de Covas do Barroso contra a empresa britânica Savannah Resources, que planeia construir a maior mina de lítio a céu aberto da Europa a poucos metros das suas casas”.
Aline Simone, realizadora de “Black snow”, segue uma dona de casa russa que denunciou um desastre ecológico na sua cidade natal.
Em “As the tide comes in”, Juan Palacios e Sofie Husum Johannese mostram como os 27 residentes de uma ilha dinamarquesa se apegam à identidade de ilhéus e enfrentam o risco de inundações provocadas pelas alterações climáticas.
Além da competição oficial, o MDOC integra uma Oficina de Documentário, residências de cinema e fotografia, ‘masterclasses’, análise de um filme documentário de referência, estreia de seis exposições e um curso de verão.
Lusa