Quem passa bem junto do navio Hospital Gil Eannes, agora museu, vislumbra a estátua de um dos muitos aventureiros navegadores do século XVI, dos muitos que deram novos mundos ao mundo: João Álvares Fagundes. Quem por ali passa, e muitos de Subportela, desconhecerão que este senhor, que esteve na descoberta da Terra Nova, ali bem perto do Canadá, tem fortes ligações a Subportela. Naturalmente que surgirá a pergunta: e como?
Não se conhece se algum dos seus marinheiros seria desta terra, seria bem possível, dada a existência de gente nobre que por natureza enviava alguns dos seus súbditos em busca de favores futuros, ou, sendo também João Álvares Fagundes armador, não seria de admirar, que muita da madeira dos seus barcos, os tais que levou à Terra Nova, viesse das nossas matas e que descesse as águas do Lima, como ainda nos finais do século XIX, se fazia chegar a madeira às serrações da Socomina.
No entanto, a ligação deste navegador e descobridor vianense à freguesia de Subportela é certa. Para além disso, tinha também uma forte participação administrativa na então Vila da Foz do Lima, tendo sido vereador da Câmara e Juiz Ordinário. A sua filha mais nova viria a casar com o senhor do Solar de Cortegaça: Gonçalo Afonso Cerqueira, que acaba por restaurar em 1528 a Torre e o solar. A sua filha, de nome Catarina Fagundes, a Fagunda, deixou dois filhos: Rodrigo Afonso Fagundes, de quem descendem os Machado Fagundes e Afonso Gonçalves Fagundes, que casou com Maria Casado e com quem teve uma filha, Margarida Fagundes, que viria a casar com Francisco Pires Caminha.
Embora a sua prole seja importante, pois desempenharam diversos papéis na vida portuguesa, o seu filho: Afonso Gonçalves Fagundes foi pajem do Infante D. Henrique, mas será a sua mãe: Dona Leonor Dias (Boto), que dá aos atuais herdeiros da quinta do Visconde de Cortegaça, como é conhecida, a linhagem de sangue azul, pois a senhora seria descendente do primeiro rei de Portugal.
Cemitério de Subportela
Foi no dia 29 de novembro que o executivo camarário visitou a nossa Freguesia procedendo à inauguração da terceira fase do cemitério. Esta obra bastante necessária e há muito reivindicada pela população, visto o atual cemitério estar completamente esgotado.
Obra iniciada há cerca de 15 anos, viu em 2020 a sua inauguração e conclusão ficando pelo caminho alguma celeuma pelo facto de ser retirada a capela de repouso construída aquando da construção da 2.ª fase que terminou em meados dos anos 80, do século passado.
A parte nova é composta, para já, por 78 sepulturas, quatro mausoléus e quatro jazigos que representam quase metade da área desta terceira fase. De salientar que as sepulturas desta fase, para além das tradicionais, há as de consumação aeróbia (processo de destruição da matéria orgânica do cadáver, através da circulação de ar no interior do local onde este se encontra inumado, sendo a sua construção acima do nível do solo), e também as sepulturas de consumação anaeróbica (processo de destruição da matéria orgânica do cadáver, sem circulação de ar no interior do local onde este se encontra inumado, sendo o local da inumação abaixo do nível do solo).
Em resposta a algumas questões, Ilídio Rego, autarca que deu início a esta obra ainda como presidente da Junta de Freguesia de Subportela, hoje membro do executivo da agora União de Freguesias de Subportela, Deocriste e Portela Susã, disse que esta obra garante solução para mais 100 anos, isto porque o atual cemitério de Subportela rondará já os 100 anos de existência depois de ter sido transferido do adro da igreja paroquial. Também este facto está presente nesta fase do cemitério com a colocação de pedras de túmulos antigos retirados aquando dos arranjos do adro.
Quem entra agora no cemitério, vislumbra ao fundo a obra de arte do artista plástico Pinto Meira, natural de Deocriste. Artista conceituado do movimento surrealista, participando em exposições com Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas. E expondo as suas obras em diversos países como Holanda e França.