Livro recorda a empresa de construção naval vianense

Amanhã, dia 11 de dezembro, às 17h, será apresentado um livro, da autoria da jornalista Ana Peixoto Fernandes, sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo. O “ENVC: O Estaleiro da saudade” conta ainda com fotos de Egídio Santos.

A obra aborda as gerações, a cultura e o desfecho da empresa, contando com testemunhos de antigos trabalhadores, sindicalistas, políticos e empresários, entre muito mais. Assim, “O Estaleiro da Saudade” reúne entrevistas com Paulo Portas, Carlos Veiga Anjos, Carlos Martins, Ana Gomes, Jerónimo de Sousa, Arménio Carlos, Jorge Fão, o ator Nuno Lopes, entre outros.

Este é um livro que reúne fotografias e textos sobre os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) enquanto empresa que, durante quase 70 anos, foi o epicentro da atividade económica, laboral, social e até cultural da cidade.

“Nos ENVC trabalharam milhares de pessoas provenientes das mais diversas origens, mas, sobretudo, das terras de Viana. Hoje, essas mesmas pessoas recordam aquele tempo, talvez como o melhor ou senão o mais importante dos seus percursos, tanto como escola de vida como de conhecimento. E emprego sólido, que lhes permitiu formar família, criar filhos e prosperar”, realça a autora.

“Este livro reúne depoimentos de figuras que, de uma forma ou de outra estiveram ligados à empresa e ao seu desfecho. E que contam, histórias e expressam sentimentos e opinião, sobre a história dos Estaleiros. Desde Paulo Portas, antigo Ministro da Defesa, que durante uma época abraçou a causa da recuperação dos ENVC como empresa pública, ao realizador Marco Martins e o ator Nuno Lopes, que em 2012, passaram por Viana com um espetáculo sobre a crise no Estaleiro. Desde um antigo trabalhador de 95 anos, que viu a empresa nascer e morrer, a protagonistas das lutas que antecederam o fecho, o livro apresenta testemunhos na primeira pessoa, que permitem (ou pretendem que assim seja) ao leitor tirar as suas próprias ilações sobre o que foi e como acabou aquela empresa de construção naval. E entender que, independentemente da visão, que os envolvidos tenham dos acontecimentos que levaram ao despedimento de mais de 600 trabalhadores e encerramento em 2014, de uma forma geral o Estaleiro deixou saudade”, assegura Ana Peixoto Fernandes.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo foram fundados em junho de 1944, no âmbito do programa do Governo de então, para a modernização da frota de pesca do largo, na forma de uma sociedade por cotas de responsabilidade limitada com o capital social de 750 contos, por um grupo de técnicos e operários especializados oriundos dos Estaleiros Navais do Porto de Lisboa, encabeçados por Américo Rodrigues, seu mestre geral. À empresa juntaram-se, como sócios capitalistas, Vasco D’Orey e o vianense João Alves Cerqueira da Empresa de Pesca Proprietária de veleiros para a pesca do bacalhau.

Os três primeiros navios construídos pelos ENVC, entregues em 1948, foram arrastões para a pesca do bacalhau. Eram eles o “Senhor dos Mareantes” e o “Senhora das Candeias” para a Empresa de Pesca de Viana e o “São Gonçalinho” para a Empresa de Pesca de Aveiro.

Em 1975, a empresa foi nacionalizada, passando a Empresa Pública e o seu capital social aumentado para 330.000 contos.

Os ENVC encontravam-se em processo de extinção desde 10 de janeiro de 2014, data da assinatura, entre o Governo da altura e o grupo privado Martifer, do contrato de subconcessão dos estaleiros navais até 2031. A extinção dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) aconteceu a 31 de março de 2018.

Os ENVC eram a única empresa de construção naval do país, em atividade desde 1944, sendo o maior Estaleiro de construção naval de Portugal, tendo construído mais de 200 navios de vários tipos nos seus quase 70 anos de existência: batelões, rebocadores, ferry-boats, navios de pesca, carga a granel, porta-contentores, transportadores de cimento, navios tanques, LPG, transportadores de produtos químicos e vasos de guerra.

Item adicionado ao carrinho.
0 itens - 0.00

Ainda não é assinante?

Ao tornar-se assinante está a fortalecer a imprensa regional, garantindo a sua
independência.