No passado dia 27 de julho, decorreu a cerimónia de entrega do Prémio Vida 2022, a Luís Gonzaga Parente Ribeiro Moreira. Presentes: Presidente da Câmara, Luís Nobre; Presidente da Junta, Nuno Ferraz e restante executivo; Presidente da Assembleia de Freguesia, Pedro Rocha e alguns membros da mesma; Secretário da Comissão Fabriqueira, José Manuel Pinho, em representação do pároco, P.e Christopher Sousa; representantes das diferentes associações sediadas na freguesia; familiares do laureado e muito público. Solenizou a cerimónia o dueto de cordas composto pela Maria e a Beatriz. Nuno Ferraz elencou as obras mais marcantes do Luís Gonzaga, infra citadas, enquanto presidente da junta nos mandatos para que fora sucessivamente eleito em 1976, 1979, 1982 e 1985, já depois de ter presidido à Comissão Administrativa, em 1974 e 1975. Destacou a sua capacidade de luta e o entusiasmo colocado nas ações que promovia, enquanto líder autárquico. Sara, filha do laureado Luís, em nome dos seus familiares teve uma feliz intervenção, em que manifestou a sua admiração e orgulho no seu pai na luta pela liberdade, contra a prepotência e em busca de melhor justiça social. Emocionada, em seu nome e do seu irmão Cesário, expressou-lhe profundo reconhecimento pelos seus ensinamentos, muitos deles fruto da sua capacidade de diálogo à mesa, em família.
Luís Gonzaga agradeceu a atribuição do prémio e lembrou o apoio dos seus familiares, em especial a sua esposa Julieta, ausente por motivos de saúde e seus filhos, Sara e Cesário, sem esquecer quantos com ele colaboraram. Agradeceu a todos a sua presença na cerimónia e referiu algumas das lutas encetadas, de que destacamos: o assalto ao autocarro, com mais de cem pessoas de Samonde, para fazer o transporte das mesmas para Viana e vice-versa, única forma encontrada de a empresa visada e entidades responsáveis satisfazerem a justa reivindicação da instalação da carreira por Samonde e Pisco (Perre), que ainda hoje se mantém; a aliança com os militares do então BC9, de Viana do Castelo, para pavimentação da Estrada de Samonde, que se apresentava intransitável e o aproveitamento das águas para criação de regadio e de lavadouros públicos. Revelou que está a escrever um livro autobiográfico, pelo que, dada a vastidão de episódios, para lá remete, por razões óbvias de escassez de tempo. Porém, não deixou de revelar o clima de terror com que o tentaram assustar, desde acusações falsas a ameaças de morte (33 cartas num só mês), que não lhe serão estranhas à famigerada existência do MDLP e lamentou as omissões, a seu respeito, no livro sobre Santa Marta de Portuzelo, com publicação tutelada pelo anterior executivo.
A última palavra coube ao presidente da Câmara, Luís Nobre, com mais uma bela intervenção, e que, em face do momento que ali se viveu, catalogou a postura do Luís Gonzaga, enquanto autarca, como holística, no que foi uma tradução sublime da carreira do homenageado.
Nós dizemos que o Luís mudou o paradigma do exercício da presidência da junta. Aos atestados e respostas aos ofícios, acrescentou o sábio aproveitamento da legislação que ia sendo produzida nos diferentes ministérios, pressionando as estruturas dos mesmos e reclamando para a freguesia os apoios mais diversificados. A par desse desígnio, a sua cumplicidade com as iniciativas populares, se fizeram dele um autarca amado por muitos e respeitado por todos os santamartenses, também o tornaram figura incómoda para o universo político-partidário, porque militante do PCP e alvo a abater pelas forças reacionárias que se moviam na sombra. Lutador incansável e clarividente, teve iniciativas marcantes, que projetaram a freguesia para o seu desenvolvimento. Entre muitas outras iniciativas, soube encontrar apoios para caminhos rurais; fez entrega, em partilha, da exploração da Ínsua cavalar; conseguiu a aquisição do terreno para a construção do Núcleo da Cooperativa Capitães de Abril; conseguiu que fosse adquirido o terreno para a instalação da fábrica têxtil, junto ao Rio Lima; não se poupou a esforços no apoio à constituição e primeiros passos da Associação Cultural e Desportiva de Santa Marta de Portuzelo; promoveu o saneamento e a rede de distribuição de água. Encerramos com a educação, que valeu ao homenageado inúmeros sacrifícios, que humildemente omitiu: – Luta tremenda para que a Escola C+S fosse construída em Santa Marta de Portuzelo. Depois de conseguir que se verificasse a aquisição do terreno, inimagináveis contratempos e comportamentos a roçarem a traição, surgiram-lhe ao caminho. Lutou tenazmente, dia e noite, numa batalha que, para proveito de todos, VENCEU, mas que o levou quase à exaustão. Superou muitos interesses: mesquinhos uns, mas que atrapalhavam o curso dos acontecimentos; de monta outros, porque à disputa por unidade idêntica para outras paragens, juntou-se ainda, na retaguarda, a contenda política, cujos meandros sempre deixam a desejar em termos de idoneidade.