Terão sido mais de mil pessoas, incluindo os presidentes de Câmara de cinco municípios, participam, na manhã do último sábado, em Viana do Castelo, num protesto contra a prospeção de lítio na Serra d’Arga, segundo números da organização.
A concentração para o protesto começou às 10h00, na Pousada de Juventude de Viana do Castelo, com quatro presidentes de Câmara do PS (Viana do Castelo, Caminha, V. N. Cerveira e Paredes de Coura) e um do CDS-PP (Ponte de Lima) a unirem-se à manifestação. Uma faixa onde se lia “Litoral e interior unidos derrotam as minas sem partidos” foi levantada nas costas dos edis.
Todos “unidos” para dizer ao Governo “que as minas não compensam” comprometer “um património singular”.
Luís Nobre, presidente da Câmara de Viana do Castelo, garantiu que vão “fazer tudo para que o processo não avance”. “É preciso ser dito que já houve um grande avanço, com a exclusão do despacho da Rede Natura e também da área protegida, mas não estamos satisfeitos. Entendemos que é um ativo do país, mas que encontrarão outros espaços mais equilibrados em que os fatores naturais não estejam tanto em risco como aqui”, sublinhou.
O protesto, organizado pelo Corema, movimento em Defesa da Serra da Peneda e Soajo, o movimento SOS Serra d’ Arga, do distrito de Viana do Castelo, e o movimento SOS Terras do Cávado, de Barcelos, percorreu a avenida junto ao rio Lima (Alameda 5 de Outubro) e terminou na Praça da República.
Bombos, cantadores ao desafio, cavalos garranos, uma raça protegida devido ao risco de extinção e que é criado livre nas paisagens da Serra ‘Arga, movimentos e associações de todo o concelho e de várias regiões do país integram o desfile juntamente com mais de mil participantes.
“Fora da Serra que a Serra é nossa”, entoavam as vozes de Augusto Canário, Zezé Fernandes e Quim Barreiros numa versão do tema “Fora da Bouça” dos Cantares do Minho
Com o lema “Minho Unido contra as Minas”, o protesto pretendeu “mostrar ao Governo que tudo será feito para impedir a concretização deste ataque” ao território e para exibir “a força do Minho e do Alto Minho, das populações, autarquias e associações de cinco concelhos dos distritos de Viana do Castelo e Braga”.
A ação foi convocada na sequência da abertura da consulta pública, iniciada pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) dois dias depois das eleições autárquicas de setembro, do relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio das oito potenciais áreas para lançamento de procedimento concursal.
O período de consulta, inicialmente previsto até 10 de novembro, foi prorrogado pela DGEG para 10 de dezembro, após a contestação de partidos políticos, autarquias e movimentos cívicos.
Entre as oito áreas previstas para integrar o concurso internacional para atribuição de direitos de prospeção e pesquisa de lítio encontra-se uma área de perto de 25 mil hectares da Serra d’Arga, que abrange os concelhos de Caminha, V. N. Cerveira, Viana do Castelo e Ponte de Lima.
Em causa está uma serra que está atualmente em fase de classificação como Área de Paisagem Protegida de Interesse Regional, numa iniciativa conjunta de quatro municípios do distrito de Viana do Castelo para garantir a proteção daquele território de eventuais projetos de prospeção ou exploração de lítio e de outros minerais.
O relatório de avaliação ambiental preliminar do Programa de Prospeção e Pesquisa de Lítio identificou “alguns riscos” nas oito potenciais áreas do Norte e Centro do país, reconhecendo, ainda assim, ser “uma oportunidade para que a sociedade e a economia evoluam para descarbonização da economia e prossigam a estratégia da transição energética”.