O primeiro mural de homenagem aos tocadores de concertina foi inaugurado recentemente na presença de familiares, amigos e tocadores de música tradicional. A iniciativa é da Fundação Santoinho e está no recinto da Quinta do Santoinho, em Darque.
“Esta obra é de homenagem ao Nelson “Vilarinho”. É uma obra feita por Mário Rocha. Queria agradecer a presença de todos neste momento, que vai marcar o ano cultural do Santoinho depois da pandemia”, referia Valdemar Cunha. O responsável deixava no ar novidades para breve, afirmando que “o projeto futuro do Santoinho ainda está no segredo”. Acrescentando que “vamos continuar a defender este espaço que já não nos pertence”.
Valdemar Cunha dava conta que ao visitar a “Arte na Leira”, em Arga de Baixo, Caminha, viu o mural e “fiquei sensibilizado”, tendo decidido “trazer para o Santoinho este painel”.
Este mural é o primeiro da “Praça das Concertinas e artistas Populares”, que vai surgir na Quinta do Santoinho. Em breve, surgirão painéis de Cachadinha, Quim Barreiros, Augusto Canário, Delfim, Marinho, entre outros.
“Ele foi o ás da concertina”
Mário Rocha foi o responsável por elaborar o mural de homenagem a Nelson “Vilarinho”. O artista explica que “inspirei-me na pessoa em si”. Já em 1994, na cidade de Braga tinha exposto uma tela sobre o tocador, que nasceu no Brasil, mas com três anos de idade veio morar para a freguesia de Covas, Vila Nova de Cerveira.
“De facto, ele foi o ás da concertina. Onde esta se misturava com o próprio corpo. A cabeça dele parecia uma nota musical”, explica Mário Rocha. O artista de Perre garante que Nelson “Vilarinho” foi um visitante do projeto artístico “Arte na Leira”. Nesse sentido, Mário Rocha defende que a “Arte na Leira” devia uma homenagem ao tocador de Covas. “Ele foi um visitante da “Arte na Leira” e decidi que esta lhe devia prestar homenagem”.
Paola Soprani
ficou para a neta
Patrícia Gonçalves, neta de Nelson “Vilarinho” também marcou presença na cerimónia de descerramento do mural. Com 28 anos, é a única neta que toca concertina. Antes de ver o mural dizia, à nossa reportagem, o quão agradecida estava a Valdemar Cunha. “Eu já conhecia a Quinta do Santoinho, venho todos os anos. Agora tenho um motivo extra para regressar cá. Agradeço muito à Quinta do Santoinho e ao Sr. Valdemar por ter feito esta homenagem, porque é mesmo muito importante”, dizia.
Nelson “Vilarinho”, que faleceu há cerca de sete anos, terminou a carreira de tocador com uma concertina “Paola Soprani”, que agora pertence à neta. “O meu avô andava sempre em festas e lembro-me que nenhum dos filhos podia tocar nesta concertina, nem com um dedo. A única pessoa que ele deixava tocar era a mim. E sempre disse que esta herança ia ser minha”, expressa. Adiantando que aprendeu a tocar concertina com Augusto Canário e pretende dar continuidade ao gosto do avô, que tocava em quase todas as festas do Alto Minho.
Estados Unidos da América e França foram alguns dos países visitados por Nelson “Vilarinho”.