Moradores contestam estudo urbanístico

Um empresário instalado perto da estrada nacional 13 e com traseiras para a Rua de Vigo, em Monserrate, desespera por uma resposta da autarquia para avançar com o alargamento das instalações e contratação de mais seis funcionários. A autarquia refere que está a ser elaborado um estudo para a implementação de arruamentos para aquela área. 

“Há trinta anos que existe este estudo e nós não conseguimos fazer qualquer intervenção derivado a isso. Eles não podem estar a adiar. Há mais de um ano que tenho o meu projeto parado. Eu pretendia aumentar a produção e contratar mais pessoas. Neste momento, já estou a recusar encomendas”, refere João Cambão. Com 17 funcionários e com uma capacidade de exportação de 60% da produção, o empresário já se deslocou a duas reuniões de Câmara para expôr o problema. 

O estudo do Acesso Norte à Cidade e Frente Atlântica foi elaborado em 1993, tendo sofrido algumas alterações do traçado, como mostra o documento, que está acessível no site da autarquia. João Cambão salienta que “não me importo de ceder parte do terreno para endireitar a estrada que já existe e fazer a ligação à Avenida de Angola, mas agora não posso deixar que me destruam parte do armazém que construi há 30 anos e que permite que pague a tempo e horas aos meus 17 empregados”. Acrescentando: “o presidente diz que apoia os comerciantes e industriais, mas neste caso não está a querer que um empresário aumente a sua equipa. Pergunto também a razão da Toyota não estar implicada, porque diz que não pode mexer por causa do pessoal e na minha não há qualquer problema. Há alguns que são de primeira e outros são de segunda”, lamenta.

Também Manuel Barros construiu a casa familiar na rua de Vigo há 30 anos. Comprou o terreno em 1980, mas só teve aprovação no final dessa mesma década. “Eu comprei para mais tarde fazer casa. Numa primeira fase, não me autorizaram a construção e depois houve alterações e só me condicionaram com a estrada, que anteriormente era um caminho muito estreito. Nós já cedemos parte do terreno para alargamento do caminho. Agora sou surpreendido com este projeto e vão cortar parte do meu terreno e levar a estrada a passar junto à minha janela de casa”, assegura o antigo comandante do posto da PSP de Viana. 

O filho de Manuel Barros também reside na habitação e diz-se “surpreendido” com o projeto, quando há meses licenciaram uma obra de um particular. “Se havia intenção de fazer o arruamento, porque é que deixam particulares fazer obras para mais tarde esses arranjos serem deitados abaixo. Será para indemnizar? Não se percebe a coerência. Se por um lado é para avançar não se devia autorizar essas intervenções. Se não é para avançar deviam deixar os empresários prosseguir com os investimentos”, explica Bruno Barros.

João Cambão apresenta o caso de um empresário vizinho que teve o licenciamento há meses. “Ainda há dias deram o licenciamento para as ambulâncias Sousa”, assegura, lamentando que o seu projeto apresentado há um ano permaneça sem resposta. 

“Não percebo em que medida é que esta estrada vai ajudar na fluidez do trânsito. Pelo contrário. Alargavam a Avenida de Angola, que só tem utilidade para trazer os alunos para a escola EB 2,3 Pedro Barbosa”, acrescenta Bruno Barros.

À Lusa, o autarca vianense referia que o empresário “comprou um terreno” junto à empresa e “está situado numa zona sensível”, tendo sido “elaborado um estudo urbanístico mais aprofundado”. Luís Nobre, na última reunião de Câmara, dizia que “nada pode ser licenciado naquele local sem que este estudo seja aprovado”. O autarca socialista falava ainda de “muita conflitualidade entre vizinhança, o que tem levado o município a ser cauteloso”. Acrescentando que “está a ser estudada a melhor solução que defenda o interesse público”.

O autarca vianense considera que “aquele arruamento não está preparado para receber o fluxo de tráfego”. Luís Nobre admitia que “houve diálogo e agora terá de ser tomada uma decisão. E o que me move é o interesse público. A decisão tem de ser racional e vai impactar”.  

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