Uma das últimas notas informativas do gabinete de comunicação da Câmara Municipal deixou-me perplexo, pelo que ela indicia de condições de insalubridade em que ainda vivem milhares de vianenses. Trata-se da inauguração, pelo presidente da edilidade, com toda a pompa, nomeadamente descerramento de placa comemorativa, da ampliação da rede de saneamento, para servir cerca de 10% da população da suburbana freguesia de Vila Franca, investimento municipal de menos de 300 mil euros. E, segundo declaração do referido edil, ainda hoje quase 17500 vianenses não estarão servidos de rede de saneamento e mais de 1500 destes nem sequer terão água da rede de abastecimento domiciliário.
A minha perplexidade aumenta quando recordo a situação do concelho na primeira metade da década de 90. Nessa altura, face às insuficiências nas infraestruturas de abastecimento de água e de saneamento básico, o Município elaborou e apresentou para financiamento comunitário, programas para que, no final da década, estivesse quase totalmente dotado daquelas infraestruturas: novas captações de água e ampliação e melhoria da rede de abastecimento domiciliário e sistemas adequados de recolha, condução, tratamento e eliminação de efluentes. As estações de tratamento de águas residuais (Gelfa, Areosa e Zona Industrial) e dos coletores de interceção, para levar os efluentes até elas, foram contruídas naquela época, em investimentos de muitos milhões de euros que colocaram Viana na vanguarda da defesa dos valores ambientais e de salubridade.
Este esforço financeiro do Município, porém, não teve a adequada continuidade, apesar da instituição de Viana como “Cidade Saudável”, graças aos investimentos até então feitos!
Agora, quase 30 anos depois, aplaudo a retoma da pretensão de que o concelho seja totalmente coberto de redes de abastecimento de água domiciliária e de recolha e tratamento de efluentes domésticos. Oxalá que sim, porque sempre mais vale tarde que nunca!