O Santuário da Senhora da Agonia

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O Padre João Jácome do Lago construiu em 1614, em terreno que lhe pertencia, uma ermida que em períodos de tempo diferentes teve outros nomes, cujo penúltimo foi o de Ermida de Nossa Senhora da Soledade, e só em 1774 adquire o de Nossa Senhora da Agonia, que se tornou Santuário Mariano, conhecido em todo o país e no estrangeiro, particularmente em Espanha. O vianense residente em Lisboa, Bento José Alves, reedificou o edifício, aumentando-o e cercando-o de pequeno muro que alargou o espaço, colocou um fontanário e, em 1868, construiu a sua escadaria central.

São imensos os devotos do templo, durante todo o ano e vindos de toda a parte, visitando-o para as suas preces e pedidos ou para cumprir promessas. O seu dia mais festivo é o 20 de agosto, enquadrado na anual Romaria, reconhecida como uma das mais destacadas de Portugal, que atraem a Viana do Castelo multidões incomensuráveis de forasteiros de inúmeros países.

O ponto mais alto da festividade é a grandiosa procissão ao mar, presidida pelo bispo da diocese ou, no impedimento, por um seu representante, acompanhado pelas autoridades civis, militares, numeroso clero e muito povo. Antes da saída da procissão é celebrada missa solene no Santuário. Na procissão, são incorporados inúmeros anjinhos e numerosas figuras alegóricas. A imagem da Senhora da Agonia é transportada no seu andor ao cais. 

Segue-se o sermão frente ao mar, agradecendo as graças recebidas e as seguintes para todos os que andam nas águas marítimas e dando-lhe a bênção; seguindo-se a procissão no mar e rio com o andor da Senhora da Agonia em barco a motor e outro com o andor da Senhora dos Mares, acompanhadas do clero, mesários da Irmandade e outras entidades. No cortejo marítimo integram-se ainda várias dezenas de barcos com os pescadores de Viana, regressando todos ao Santuário pelas ruas da Ribeira, toda engalanada com tapetes de sal colorido e flores, as casas ornamentadas com redes coloridas e colchas, queimando-se imenso fogo. A condução do andor da Senhora da Agonia é uma prerrogativa exclusiva da frota piscatória de Viana. 

A frontaria do Santuário é de autoria do arquiteto bracarense André Soares que, em 1873, fez a última transformação e ampliação do edifício, sofrendo nos últimos anos vários melhoramentos no interior, como o douramento da tribuna e reforma do teto e telhado. A tribuna representa o cenário do Calvário, com a imagem da Senhora da Agonia no cimo com uma expressão de dor nos olhos pregados no cadáver do Seu Filho, que jazia na sua frente.

Nos dois lados, encontram-se imagens de Maria Madalena, Maria Salomé, S. João Evangelista e Nicodemos, tudo policromado e bela talha. É de crer que André Soares seja autor do retábulo e restauro da capela-mor, bem como do altar da Senhora do Rosário da Igreja de S. Domingos, obra prima de estilo barroco.

A 10 de Maio de 1890, foi conferida à Irmandade de Nossa Senhora da Agonia o título de “Real”, pelo Rei D. Carlos e Rainha D. Amélia – juízes perpétuos da Irmandade. Em 1880, o Papa Pio VI concedeu diversos privilégios ao Santuário e imensas indulgências aos fieis que o visitassem.

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