Levou-me tempo que baste para fazer pecúlio mínimo e, a partir daí, criar conta bancária. Há sempre um dia no tempo e o meu dia também haveria de acontecer. Estabeleci-me, então, no Montepio Geral, uma Instituição fundada por um grupo de funcionários públicos em 1840, com o objetivo de promover o mutualismo, estimulando o aforro e financiando projetos desenvolvimentistas, particularmente a partir da classe média. Depois da sua fundação, decorridos 4 anos, esta Associação criou a sua Caixa Económica, com funcionamento regular no contexto bancário.
Sempre gerida por homens competentes e sérios, fez o seu caminho especializando-se na gestão das poupanças de pequenos e médios aforradores e granjeando a simpatia de uma boa parte da sociedade portuguesa. Respeitadora dos direitos dos trabalhadores, de bom ambiente social e amistoso relacionamento com os clientes, a Associação Montepio tinha caminho aberto para ter sucesso em progressão. E assim foi, até um dia.
O dia pior aconteceu quando, em 2008, Tomás Correia assumiu poderes, que considerou absolutos, e entendeu copiar os piores vícios da banca em geral (ao que se diz, muito em proveito próprio) para os instalar na Entidade que geria. Mas os desmandos, particularmente quando o desmando se instala como rotina, tendem a ser refreados. Já todos conhecemos como boa parte dos banqueiros deste país estão a contas com a justiça (apesar de lenta e tardia), a que também não escapa o senhor Tomás. Para já, através do Banco de Portugal (BP) que lhe aplica coimas sucessivas, mas os tribunais também terão ainda algo a dizer.
Agora, que já nem é presidente de nada, o mesmo BP aplicou-lhe nova coima, no valor de 1,25 milhões de euros, por ilícitos quando administrador da Caixa Económica (Banco Montepio a partir de 2018). Acontece que o dito cujo desapareceu e, do facto, foi preciso dar conhecimento público nos jornais, como se faz a alguém que tenta iludir a justiça. Não há muito para dizer, porque a realidade fala por si. Deplorável é constatar a rede que Tomás Correia montou, a partir da nata (ou lata) da sociedade portuguesa para se perpetuar no poder, ganhando sucessivas eleições. Para as últimas, em 2018, quando já era pública a sua desgovernação e a pouca seriedade, deu brado os personagens que, capitaneados pelo padre Melícias, lhe manifestaram apoio sonante. Tudo fica bem a quem não tem vergonha nem ética. Que esta Instituição mutualista volte a ser o que em tempos foi, é o que se deseja.