Pescadores manifestam-se para exigir direitos

Dois pescadores vianenses foram despedidos em dezembro sem “qualquer justificação” por um armador espanhol e na última quinta-feira manifestaram-se para denunciar a situação.

“Marcamos esta ação numa perspetiva de denúncia e sobretudo por uma situação que afeta os pescadores do cerco, que todos os anos trazem a sardinha para comermos e ano após ano são despedidos [durante um período]”, dizia Nuno Teixeira, do Sindicato dos Pescadores da Pesca do Norte. 

Os dois pescadores vianenses trabalhavam há mais de 10 anos na empresa e eram regularmente despedidos e contratados, por causa da situação da pesca, uma vez que funciona por períodos. Sendo contratados para a época da sardinha e do biqueirão. 

O coordenador do Sindicato lamenta também que “os armadores teimam em colocar os pescadores no fundo de compensação salarial. Temos consciência que este fundo não responde claramente às necessidades dos pescadores, porque não cobre a totalidade dos rendimentos e a totalidade do defeso da sardinha”. No futuro, o sindicato está a trabalhar para “colocar em contratação coletiva um conjunto de direitos”, que evite a precariedade do setor.

Luís Chavarria trabalhava na empresa desde 2007 e conta que “no dia 28 de dezembro arrumamos o barco e o armador mandou-me embora”. O pescador, com uma experiência de 45 anos, assegura que “tinha um contrato. Paramos em janeiro, e depois em maio fazemos novo contrato. Em cada paragem da sardinha ou do biqueirão temos de fazer novo contrato. Os contratos que fazemos estão na lei”, frisa. Adiantando que uma das razões que terá levado ao despedimento é a luta “pelos nossos direitos. Éramos só os dois que lutávamos pelos nossos direitos, em relação aos descontos para o IRS”.

David Moura foi outro dos pescadores dispensado e assegura que era o único sustento para a família, que tem três filhos menores. O pescador, que estava na empresa há 12 anos recorda as palavras que lhes disseram quando chegaram da safra no dia 28: “Para o ano podem procurar vida por outro lado”.

“Quando houve apoios enormes às embarcações por causa dos combustíveis, no ano passado, muitos armadores não distribuíram esses valores às tripulações. Quando todas as tripulações pagam o gasóleo e todos os custos”, conta o coordenador do Sindicatos, que lembra que “vão lutar até ao fim” pelos direitos dos trabalhadores. 

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