No final de uma reunião em Viana do Castelo, realizada esta terça-feira e que juntou associações de armadores, organizações de produtores e sindicatos das pescas, Francisco Portela Rosa, porta-voz, afirmou que o setor se sente “traído” pelo Governo por não ter participado na elaboração da proposta que cria cinco áreas de exploração de energias renováveis no mar.
Na ocasião, adiantou que o movimento vai pedir uma reunião com “caráter de urgência” à comissão parlamentar de agricultura e pescas.
“Sentimos que o senhor diretor-geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) traiu o setor da pesca”, afirmou.
Em causa está a consulta pública da proposta de criação de cinco áreas de exploração de energias renováveis no mar, ao largo de Viana do Castelo, Leixões, Figueira da Foz, Ericeira-Cascais e Sines, que começou em 30 de janeiro e termina em 10 de março.
A Figueira da Foz é proposta para a maior área de instalação de parques eólicos, com 1.237 quilómetros quadrados (km2) e potencial para até quatro gigawatts (GW) de capacidade, seguida por Viana do Castelo (663 km2 e 2GW).
Segundo Francisco Portela Rosa, a proposta em consulta pública “representa 320 mil hectares”, o equivalente a “320 mil campos de futebol, ao território todo dos Açores e da Madeira”.
“Passaríamos a ter o maior deserto oceânico do mundo, porque ali nada sobrevive para além das eólicas”, alertou.
No encontro, onde disse terem participado todas as associações da pesca costeira, local, do arresto e os sindicatos, ficou decidido pedir uma reunião com “caráter de urgência” com a comissão parlamentar de agricultura e pescas e, “a partir daí desencadear tudo o que for necessário para que este processo” decorra de forma diferente.
“Desde a primeira hora que nunca estivemos contra as energias [renováveis] e a transição energética. Não pode é ser colocado da forma como está a ser colocado. Deviam ter reunido com o setor antes de tomar decisões”, adiantou Portela Rosa.
O movimento associativo da pesca está ainda preocupado com a ausência de “um estudo de impacto socioeconómica e ambiental”.
A experiência feita em Viana do Castelo “causou, em cerca de uma milha ao redor do parque eólico, o desaparecimento de toda a fauna”, disse, referindo-se ao projeto Windfloat Atlantic, o primeiro parque eólico flutuante da Europa continental, instalado ao largo da capital do Alto Minho. l