Prémio Vida

O Prémio Vida de 2019 foi atribuído à empresa Antiga Padaria e Pastelaria Souto, L.da em cerimónia integrada na Semana Cultural e celebrada no átrio da antiga escola de Fonte Grossa, no pretérito dia 28 de julho.

Estiveram presentes, para além dos representantes da laureada e alguns familiares e amigos, o executivo da Junta de Freguesia; o presidente da Câmara, José Maria Costa e os vereadores Hermenegildo Costa, Paula Veiga e Cláudia Marinho; a presidente da Assembleia de Freguesia, Alice Antunes e membros da mesma, além de numerosa assistência. O presidente da Junta, Paulo Maciel, agradeceu à empresa e à família a dedicação e o empenho que têm dado, nomeadamente, à comunidade santamartense, relevando a qualidade dos produtos, o emprego de vinte funcionários e o facto de serem já quatro as gerações que abraçaram a atividade de panificação. José Maria Costa teceu várias considerações, além de endereçar à laureada e seus responsáveis muitos parabéns pelo seu desempenho, e lançou o desafio para que não fossem descuradas as novas tecnologias, para um melhor e mais sustentado desenvolvimento. Maria Alice congratulou-se por estarmos perante uma empresa centenária e que aposta, sempre, na qualidade.

O sócio-gerente, Luís Parente Ribeiro, para além de agradecer, fez saber que a empresa se sente muito honrada e engrandecida com esta distinção, e fez especial menção à dedicação dos seus trabalhadores, que «muito têm contribuído para a dignificação e manutenção da empresa, nesta comunidade.» Em termos históricos, recorreu à tradição oral para afirmar que, em 1901, a empresa já laborava, pois foi o ano de nascimento da sua avó, Maria dos Anjos Parente Ribeiro, que ali vivera toda a infância e que, aos oito anos sofrera um acidente com uma pá do forno, de que resultou a perda de uma vista. Viria a casar, em 1926, com Manuel Parente Ribeiro Moreira (homem corpulento e de uma fibra extraordinária, cuja voz de comando, autêntico ‘trovão’ era audível no Cruzeiro).

Lembrou que foi seu pai, António Moreira Parente Ribeiro (saudoso ‘Tone Souto’) que deu continuidade à atividade, vindo a promover a constituição da atual sociedade, em 2001. Não obstante os atuais sócios não exercerem qualquer atividade na empresa, «sempre consideraram ser uma responsabilidade social assegurarem a sua continuidade em nome da manutenção dos atuais postos de trabalho e para melhor servir os seus fiéis clientes». E que são muitos.

Na comunidade, bastantes aguardam o pão da manhã, em suas casas mas muitos mais apostam no atendimento personalizado, quase familiar, ‘herança’ dos tempos da avó Maria dos Anjos, a carinhosa ‘Tia Quinhas’. Mas não só, pois a qualidade do produto, desde sempre uma referência pela pureza dos ingredientes, ultrapassa a fronteira da freguesia e só a barreira natural do rio Lima impede que tal aconteça em todas as direções.

Na verdade, o pão de Santa Marta ou pão do ‘Souto’ (broa e trigo), é vendido até Viana, para poente; até Outeiro, para norte e chega a Vilar de Murteda e Lanheses, para nascente.

À qualidade dos produtos e simpatia dos funcionários, junta-se a disponibilidade que a casa sempre teve para estar ao lado de todas as iniciativas, promovidas pelas diferentes entidades, sobretudo ligadas ao desporto e à cultura, designadamente por parte da Associação Cultural e Desportiva, bem como, registe-se, sempre pronta a participar em campanhas que visem minorar as necessidades dos mais carenciados, de que serve o exemplo do apoio muitas vezes dado ao Movimento de Caridade Cristã, na sua pastoral socio-caritativa. Para a peculiaridade da relação reciprocamente amistosa com os clientes, não deixa de ser pertinente recordar que estamos perante uma empresa que in illo tempore quando cozia a broa de milho disponibilizava uma parte do grande forno, aquecido a lenha, então no local onde hoje está o conjunto de edifícios, a norte do quintal da padaria.

Todas as semanas, com anúncio prévio do dia, quem quisesse, o trabalho que tinha era apresentar a massa, para a padaria enfornar, a troco de pagamento simbólico. Mas não só o forno era partilhado naquela casa. Testemunhei, pontualmente, que desde que fosse do seu conhecimento, não faltaria pão em casa alguma.

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