Quando a tempestade passar, nós não seremos os mesmos. Os nossos corações abalados, chorarão os mortos. Os nossos olhos humedecidos verão o mundo com piedade. Nós compreenderemos mais do que nunca, quão pequenos somos.
Erguer-nos-emos devagar, lentamente, recobrando os sentidos e os sentires. Tudo nos parecerá extraordinário, como visto a primeira vez. A criança que há em nós dirá: “tudo é tão surpreendente!”. Daremos valor ao que antes passava despercebido. Os mais sensíveis de nós, farão poemas, por estarem vivos. Compreenderemos, uns mais que outros, que não foi em vão a tempestade, que desceu dos céus para nos ensinar a retomar o caminho certo, de que andávamos desviados, porque nos tornáramos demasiado insensíveis. Os nossos ouvidos voltarão a ouvir puramente a palavra “Amor”.
Os nossos lábios pronunciarão velhas palavras como se fossem novas.
Alimentar-nos-emos dos frutos da Terra, como se acabassem de nascer. Veremos aumentado o brilho das estrelas e da Lua, rainha do Céu.
Seremos especialmente atentos aos nasceres e aos pores do sol. É como voltar a nascer.
Filomena Freitas