A democracia é o melhor sistema político que conhecemos. A democracia vive momentos instáveis. O preocupante sintoma encontra-se na elevadíssima abstenção no momento de votar. Uma parte dos cidadãos não quer saber de quem os governa. A ideia de que são todos iguais está para ficar. Mas, muitos outros também não votam por não se reverem nas atitudes de muitos governantes. A aparência de corrupção é uma das mais gritantes revoltas no sentimento dos governados. As leis parece que são feitas para permitir que membros do governo ou familiares de primeira linha sejam escolhidos a dedo para fazer negócios com o Estado. Desde que… se… tem que se ver isso melhor… cansa o discurso para desculpar uma atitude que é exigida a todos os que são eleitos e nos governam: a ética! Não criar dúvidas sobre a transparência do que se permitem fazer. Na dúvida, nada devem fazer em benefício próprio. Mesmo que as leis que os próprios fazem o permitam.
Achei curiosa a desculpa da ministra Abrunhosa a defender o marido que foi escolhido pelo governo para fazer negócios com o estado: “a César é exigido que pareça sério, não basta sê-lo; mas também não pode ser prejudicado por isso” … Que queria a senhora dizer?! Não sei. Defende que não vê nada de censurável que o marido seja o escolhido pelo governo para fazer negócios com o estado!
Mas, o que fragiliza a democracia não é, apenas, os atos de duvidosa moralidade dos nossos governantes. O que mais prejudica é que nada acontece. Não se demitem, não são demitidos, faz-se de conta que nada de censurável se passou.
Eduardo Costa
(*) Jornalista, presidente da Associação Nacional da Imprensa