Romaria de Santa Marta – Hugo Martins “a despedida” (2)

AS CONDICIONANTES DA PANDEMIA E O APOIO DAS PESSOAS
Questionado sobre o apoio concedido pelas pessoas para a realização da Romaria, não obstante todas as condicionantes causadas pela Covid-19, disse: «Inicialmente, todos os cenários estavam em cima da mesa. A certa altura tivemos que tomar opções. Decidimos fazer o que melhor se poderia, mediante as limitações inerentes à situação pandémica.

Estávamos cientes que haveria despesas. Sabíamos que teríamos um esforço financeiro a rondar os 10 mil euros. O facto de fazermos as eucaristias fora da igreja, ao ar livre, implicou uma despesa avultada no som, por exemplo. Se fizéssemos no interior da igreja, não teríamos tanta despesa, mas só poderiam estar 70 ou 80 pessoas dentro da igreja… procuramos criar alternativas de angariação de fundos, como foi o caso da venda dos estandartes. Mas no final superou-se as expectativas quer em termos de contribuições de santamartenses, quer em termos de salva. Ficamos bastante surpreendidos e agradecidos pelo facto de o saldo ter sido muito positivo.

CUMPRIMENTO DOS CONTRATOS: EM 2021?
Convidado a esclarecer a observação feita em Betânia do Lima (órgão da paróquia) quanto aos contratos a cumprir, especificou: «Por norma os contratos são feitos com muita antecedência. Foram feitos antes de se saber que iríamos sofrer com a pandemia. Tivemos de fechar contratos e/ou apalavrar trabalhos. Todos os contratos passaram para 2021.

Evidentemente, em 2021, caso não se concretize outra vez nos moldes habituais, haverá a necessidade das pessoas se sentarem à mesa e dialogar para perceber o que se poderá fazer. Uma das limitações da Romaria é não ter a capacidade financeira de outras romarias pelo país fora, que têm grandes apoios camarários. A Romaria de Santa Marta recebe, aproximadamente 2500 euros, valor muito semelhante a outras festas do concelho. A par disso, realiza-se no mês de agosto, altura em que os valores dos trabalhos são completamente diferentes de uma festa que se realiza no primeiro trimestre do ano, por exemplo. Esta questão já foi debatida por muitos vices junto da vereação da cultura da CMVC. No entanto, graças ao esforço de todos os santamartenses conseguimos mostrar o que de melhor Santa Marta tem e faz.

Nesta fase, ainda é cedo para perceber o que se pode fazer, mas a comissão de Festas não pode nunca “dar um passo maior que a perna”. Esta Romaria ronda os 85 mil euros. Penso que a Comissão de Festas deverá equacionar outros cenários.»

ELEMENTOS DA COMISSÃO DURANTE O TRIÉNIO
Para que não subsistam dúvidas sobre quem colaborou na chamada comissão central, que tem a responsabilidade das decisões, para além da presidência dos párocos P.e Valdemiro Domingues (2018) e P.e Christopher Sousa (desde 2019), informou: «Quando entrei, trabalhei com o Idílio, a Eduarda Oliveira (marketing), Pedro Sousa (tesouraria), Marcelo Torres e Fernando Felgueiras (logística e aprovisionamento); no segundo ano com a Teresa Carmo Lima (o meu braço direito e tesoureira), a Júlia Castro e Rita Meleiro (marketing), Marcelo Torres, Fernando Felgueiras e Manuel Parente (logística e aprovisionamento); no terceiro com Andreia Rodrigues (marketing e comunicação), a Teresa Carmo Lima (tesoureira), Manuel Parente, Miguel Santos e Diogo Pinheiro (logística e aprovisionamento).

A SAÍDA QUASE NUNCA É DESPEDIDA
Confrontado com a disponibilidade da grande maioria dos elementos que são substituídos continuarem a dar o seu contributo aos responsáveis que lhes sucedem, comentou:
«É verdade. Sempre que um elemento deixa a direção, continua a pertencer à Comissão de Festas. No meu ponto de vista, penso que esses elementos que fizeram parte da direção podem ter uma colaboração mais efetiva, por exemplo, na colaboração dos patrocinadores. Eu prontifiquei-me a ficar com cerca de 10 a 15 patrocinadores. Penso que se deve aliviar o trabalho dos elementos da direção. Não quero dizer com isto que a direção trabalha mais ou menos que os outros elementos da Comissão de Festas. Durante a permanência na direção sempre enfatizei duas questões importantes: 1) a Comissão de Festas é daltónica, não liga a cores partidárias; e 2) precisa da ajuda de tudo e de todos. Esse foi um dos motivos pelo qual abracei fazer parte da direção; as pessoas unem-se em torno de algo que representa os santamartenses: a nossa Romaria. Caso contrário, nunca teria aceitado o convite.

PARTICIPAÇÃO NAS “7 Maravilhas da Cultura Popular”
Sobre a participação no concurso televisivo, de âmbito nacional: «A nossa candidatura era de facto genuína, obtendo um honroso 5.º lugar. Em termos distritais ficamos à frente das Festas de Ponte de Lima e logo atrás da Romaria D’Agonia. No final da nossa participação, tivemos a sensação de dever cumprido. Conseguimos fazer com que a Romaria de Santa Marta fosse uma das cerca de 50 romarias mais importantes de Portugal. Procuramos mostrar o que melhor se destaca na nossa Romaria. Continuo a argumentar que temos mais que razões suficientes para estar nesse lote».

DIFICULDADES COM AS DIVERSÕES
Colocado perante as sentidas dificuldades com as diversões na romaria, designadamente o espaço, após frisar não ser fácil a sua resolução, acrescentou: «O problema das diversões deve ser visto sob várias vertentes. Um é a Romaria de Santa Marta estar muito próxima da Romaria D’ Agonia. De facto, a Comissão de Festas da Romaria da Senhora da Agonia exige que os barraqueiros se instalem com 3 semanas de antecedência, por questões de logística. Em reunião que tivemos houve abertura e conseguimos perceber a razão: não podem facilitar nessa parte pois, se abrirem um precedente, depois o barraqueiro quer entrar no recinto e não consegue. O outro problema tem a ver com a questão da rentabilidade por parte dos responsáveis das diversões: as deslocações, montagem, luz,…

para 3 dias de festa por vezes não compensa. Para a festa se tornar apetecível era importante criar mais atrativos durante mais dias. Neste momento, só temos atividades terça, quarta e quinta à noite. Finalmente, há outra vertente: um dos problemas da Romaria de Santa Marta, a par do estacionamento, é de facto não ter um recinto amplo, para colocar muitas diversões. O Souto de Santa Marta, com as árvores, torna-se muito limitado».

A VISITA DA PADROEIRA EM REALCE
À disponibilidade para dizer o que entendesse aos assinantes e leitores, acrescentou: «Foi um orgulho ter feito parte da direção. Estando na linha da frente, temos que fazer as coisas de forma muito refletida. Por vezes temos que tomar opções que sabemos que nem sempre agradam a todos, mas é na convicção de fazer o melhor pela nossa Romaria que decidimos como decidimos. Exemplo disso foi a visita móbil do ano passado. A nossa vontade era passar por todas as ruas da freguesia, mas ao equacionar diferentes percursos esbarramos com muitas dificuldades. A opção tomada foi garantir que a imagem de Santa Marta passaria em todos os lugares da freguesia. Foi uma iniciativa inovadora no contexto em que vivemos onde se mostrou a devoção dos moradores dos lugares. Foi um dos momentos mais emocionantes da Romaria 2020».

Ficamos muito gratos pela colaboração de Hugo Martins e, na sua pessoa, o reconhecimento e a disponibilidade que A Aurora do Lima sempre dispensa às sucessivas comissões de festas, a face visível de muitos que com eles colaboram. Bem hajam pela sua dedicação e trabalho.

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