Ela esperava—me sempre ao fim da tarde
mas o tempo fazia—se longo para a ir ver.
Sabeis que quando um coração arde
por amor, nada mais pode do que sofrer.
Às dezoito horas estava ela impaciente
fazendo pequenos passos no longo corredor,
sempre rodeada por gente diferente
mas era por mim que ela esperava, seu maior valor.
Aplidei—a de Margaret e desde então
este nome ao meu ficou ligado para sempre.
Uns admiravam a sua forte sedução,
outros tinham ciúmes deste amor diferente.
Sala eu do trabalho e Margaret corria –
ao meu encontro, ávida de calor.
Parávamos satisfeitos e nada se dizia
porque os nossos olhos mostravam muito amor.
Sem recear as críticas este nosso idílio
perdurou toda uma linda Primavera.
Livres, alheios a todos, sem sigilo,
ela fez da minha vida uma quimera.
Mas um dia, coisas que o Diabo tece,
Margaret não me esperava… que desilusão!
Como ferro aquecido que logo arrefece
se fez duro e frio o meu pobre coração.
Nunca mais a vi! Hoje, com amargura,
recordo os momentos que com ela passei,
aqueles instantes de sonho e ternura
quando pacientemente eu a alimentei.
Margaret, era em toda a verdade
uma linda pomba com quem simpatizei.
Outros seres vieram afagar a saudade
mas a quem tanto quisesse jamais encontrei.
Ainda hoje me lembro com imensa tristeza
da linda pomba que me ajudou a viver;
coisas desta vida que me deram a certeza
que até um minúsculo ser nos faz sofrer!