Uma Europa bestial

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A. Lobo de Carvalho

Sendo a União Europeia (UE) uma potência política e económica muito relevante neste mundo global, nem todos os princípios que a enformam são, contudo, do agrado da totalidade dos países membros, e disso são prova as frequentes fricções entre alguns Estados e a Comissão. Por exemplo, os casos da Polónia e da Hungria que, discordando frontalmente de determinadas medidas políticas, não estão dispostos a abdicar de toda a sua soberania, privilegiando em certas matérias os órgãos soberanos internos, cujas competências decorrem das suas constituições enquanto Estados.

E se é certo que a UE é uma união política respeitável, sobretudo porque é a herdeira última do projecto inicial aglutinador dos Estados, que se foi aperfeiçoando ao longo de décadas da História e iniciado logo após a segunda Grande Guerra mundial, de que resultou a ausência de conflitos armados na Europa mais ocidental, também não deixa de ser uma entidade com imperfeições, desde logo porque toma posições de muita controvérsia com reflexos nos povos que lhe dão corpo.

Não me vou debruçar sobre essas diferenças, mas tão-somente sobre uma medida que estará em vias de ser aplicada e que representa uma traição à História da Europa e às convicções mais profundas dos povos. 

Ao que parece, uma directiva relativa à inclusão está em fase de aperfeiçoamento e a Comissão Europeia, através da respectiva comissária, pretende impor procedimentos que ferem gravemente os sentimentos dos cidadãos. Entre outras matérias que não são, ainda, conhecidas, quer impedir que se utilizem diversas palavras e nomes que não garantam “o direito de cada pessoa a ser tratada de maneira igual”. E é assim que, forçando às políticas de inclusão, determina que se evitem certas palavras, como “menina”, “senhora” e outras, e nomes como “Maria” e “João” enquanto primeiros nomes. Como expressão máxima da repugnância que me merece, quer também impor que deixe de se utilizar o termo “Natal”, substituindo-o pela expressão “férias de Dezembro”, cujo fim último só pode ser esvaziar o Natal do seu conteúdo religioso e do seu significado para os cristãos, desferindo-se deste modo um ataque profundo às crenças de cada um. 

É claro que, se houver aprovação, outras palavras e datas festivas cristãs serão eliminadas, como a Páscoa, Pentecostes, Corpo de Deus, etc.. O mal está em ceder uma primeira vez.

A União Europeia esquece-se que a Europa foi construída com o esforço de muitos, mas em que assumiu papel particularmente relevante o cristianismo, que ajudou a educar as pessoas e a lançar as raízes para formar na Europa uma dimensão cristã, que se difundiu por todo o planeta. Foi nesta Europa que evangelizaram e terminaram os seus dias alguns dos apóstolos de Jesus Cristo; foi nesta Europa que Maria, Mãe de Jesus, viveu os seus últimos dias! 

Ao ter retirado o sagrado nome de Deus da sua constituição, logo aí a UE evidenciou o seu ateísmo e, diria mesmo, a sua xenofobia para com Deus, dando um sinal claro do que mais viria! E veio, de facto, com a permissividade em curso contra a História e contra o cristianismo. Mas haverá algum cristão que possa renegar a palavra Natal, quando este termo nasceu por estar umbilicalmente ligado ao nascimento de Jesus Cristo? 

O esforço para que se termine com a discriminação é bem-vindo, mas as dinâmicas nem sempre são as mais correctas, como é o caso em análise, que ofende o mais íntimo de cada cristão, que é a sua fá e união permanente com Jesus Cristo. As diferenças, por mais que se queira fundi-las, nunca deixarão de existir, porque sempre existiram e fazem parte da História. As civilizações assim se desenvolveram e a religiosidade faz parte integrante de cada ser humano.

Não se percebe, mesmo, que significado ofensivo terão estes e outros termos similares para os povos que não são cristãos, quando é certo que ao longo da História não foram contestados. O Natal é tão importante que até, pelo acontecimento a que se refere, marca a contagem da História no Antes e Depois de Cristo (AC e DC).

Não vejo outras entidades políticas tomarem medidas deste teor. É que destruir as nossas raízes significa destruir-nos a todos. Não podem os cristãos pactuar com estas gravíssimas agressões, que não atingem somente o nascimento de Jesus Cristo e o que representa para a humanidade, mas também todo o Seu legado, que a marcou para sempre.

A União Europeia, por este caminhar modernista e para agradar aos cidadãos que não são europeus, mas que vivem no seu território visando a sua total integração, está em vias de se transformar na “besta” a que alude o Apocalipse, considerando que os valores morais, éticos e cristãos dos povos europeus estão literalmente a ser alvo de apagamento por parte de uma entidade política imbuída de perversidade. Não bastavam já as políticas das ideologias do género, com toda a espécie de desvios éticos e morais associados, para termos, ainda, de enfrentar mais estes afrontamentos! Pela minha parte nunca aceitarei esta medidas estúpidas.

A Igreja Católica Apostólica Romana, no conjunto dos seus servidores directos e com o povo cristão e o católico, penso que deve seguir atentamente este assunto e reagir energicamente. A besta anda à solta, o ateísmo cresce, as raízes cristãs vão sendo apagadas e o catolicismo vai fenecendo, numa Europa cada vez mais decadente! Que futuro poderá ter esta UE?

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