Quando por ali andei nos anos sessenta e enquanto trabalhava nos Campos Elísios, no Stand Renault que ainda hoje existe, matriculei-me na “Alliance Française”- Paris. Pelas seis horas da tarde, todos os dias, depois do trabalho, apanhava o metro na estação “George V,” em plena “Avenue des Champs Elysees” até à de “Edgar Quinet” que me levava ao “Boulevard Raspail”, onde estava sedeada a respetiva escola. Fiz a matrícula no primeiro ano do curso de “Langue et Civilisation Française”. Como era um curso acelerado, e tendo eu já algumas bases (eram quatro livros), depressa cheguei ao fim, sendo submetido aos respetivos testes, ou seja, ao “quatrième degré”, o que permitia que obtivesse de imediato o primeiro diploma. Durou cerca de um ano. Outros alunos eram oriundos de várias nacionalidades, mas com muita dificuldade em vocabulário, como por exemplo: os norte–americanos e mesmo ingleses, alemães, acabando por terem de se aplicar por mais tempo. Tinham mais dificuldade em “dobrar” a língua! Obviamente que, quem tivesse algumas noções, tudo era muito mais facilitado. Propunha-se a testes e ia avançando.
Seguiu-se depois o curso de “Conversation” que rapidamente adquiri, porque tinha já algum tempo de França e esforçava-me por enriquecer tanto quanto possível o meu vocabulário, sobretudo gramatical. De seguida parti para outro. Agora o de “Études Commerciales en Langue Française”, que também durou quase um ano, com a consequente preparação a um exame à “Chambre du Commerce de Paris”. Era um feito em tempo, naquela escola. É verdade que eu aspirava em mudar o mais cedo possível a trabalhar noutro ramo que não o da construção civil onde já tinha responsabilidades de chefia. Tinha os meus vinte e poucos anos e levava de Portugal o meu Curso Industrial. Em desenho civil não tinha dificuldade!
Passada esta fase, passei para outra. Matriculei-me para obter o “Diplôme d’Études Supérieures pour l’enseignement du français hors de France” que permitia dar aulas em qualquer país para posteriormente, se regressasse a Portugal, poder ter uma “arma” para me ajudar no emprego, o que aliás veio a acontecer aquando do meu regresso definitivo, em 1976.
Pós 25 de Abril de 1974, fui dar aulas de francês para a Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo. E por aqui me fiquei depois de 20 anos de permanência naquele saudoso País a quem muito devo.
Era já casado e pai de filhos. Tinha valido o esforço.
Foto: Auto Monitor