VENCER A CRISE

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O tempo que estamos a viver exige, mais do que nunca, que enfrentemos os problemas do dia a dia com determinação, sem perder a esperança de que vamos conseguir sair desta crise que tanto nos está a afectar, com impactos brutais sobretudo para os mais vulneráveis. À enorme ameaça sanitária vem juntar-se, como consequência inevitável, uma gigantesca crise económica e social, a arrastar para níveis cada vez mais gritantes as desigualdades entre nós.

O ano não poderia ter começado pior, as incertezas provocadas pela pandemia parecem nunca mais ter fim. Mas é de bom senso valorizarmos a capacidade humana. Vamos superar-nos! É nestes momentos difíceis que o melhor de nós vem verdadeiramente ao de cima, por muito que se faça eco de detalhes que pareçam contrariar esta ideia, a experiência histórica está do lado da esperança.

O papel das empresas é, naturalmente, crítico para impulsionar a recuperação. Nós, empresários temos de assumir a nossa responsabilidade! Muito vai ser exigido das empresas. Há circunstâncias fundamentais no quadro das ameaças e oportunidades que têm de ser equacionadas para se encontrarem as melhores respostas. Há realidades que, não sendo novas, ganharam um novo contexto global que as torna ainda mais pertinentes. Neste sentido, e num primeiro olhar, vemos nitidamente três pontos a dar uma especial atenção.

O primeiro, e talvez o mais óbvio, tem a ver com o processo acelerado de transformação digital. Em poucos meses, tivemos um avanço de anos, com as tecnologias digitais no centro dessa dinâmica. Excelente exemplo foi o tempo recorde em que se conseguiu criar a vacina contra o covid-19.

O que antes demorava em média dez anos, foi obtido em menos de um ano. As vídeo conferências e aulas online também entraram nas nossas vidas em tempo recorde. O comércio eletrónico teve um crescimento enorme devido ao fecho das lojas. Mas estas últimas vão voltar a brilhar, porque as pessoas reconhecem agora ainda mais o valor do atendimento personalizado, da interação, do serviço de excelência, da experiência, e, acredito, que as pessoas estejam saudosas do prazer de “ir às compras”.

E porque é imperativo encontrar um lado bom nos momentos difíceis, será possível, e desejável, aproveitar experiências tecnológicas deste período doloroso de excepção para incremento da produtividade, da qualidade de trabalho e da competitividade. Devemos beneficiar, por esse lado, de um impulso significativo para qualificarmos mais a actividade económica do nosso país.

O segundo ponto resulta da evidência de que a crise Covid veio reforçar o foco no ambiente e na importância da biodiversidade. A sustentabilidade da economia é um assunto incontornável. As alterações climáticas continuam a ser um problema vital. Temos pela frente desafios sérios, que passam pela economia circular e pela transformação energética, e, neste aspecto, Portugal tem recursos únicos para potenciar energias renováveis. Estou convencido de que empresas que não coloquem a sustentabilidade no centro do seu modelo de negócio não vão ter futuro. É por demais evidente, e ainda bem, que as novas gerações estão atentas a quem não cumpre!

Temos uma juventude bem preparada, para a qual temos de criar empregos qualificados e oportunidades reais. Eles precisam de recuperar confiança no seu futuro. E por aí começo a enunciar o terceiro ponto, o foco nas pessoas. O facto de termos estado um ano sem nos podermos relacionar normalmente, sem podermos confraternizar, sujeitos a vários confinamentos e restrições, obriga-nos a repensar e a valorizar muitos aspectos que, provavelmente, vão ter expressão no nosso estilo de vida, produzir diferenças com significado substancial e novas exigências em todos os mercados.

Depois deste pesadelo sanitário, agora com um processo de vacinação a evoluir numa escala mundial, à esperança acrescem razões objectivas para encararmos um futuro próximo voltados para recuperar das perdas que somamos a todos os problemas que já tínhamos. É urgente a vacinação eficiente e massiva. E acreditamos que ela vai ser feita. Precisamos de alcançar um mínimo de” normalidade” na segunda parte do ano. Infelizmente, continuamos com razões para temer que os países mais desfavorecidos serão deixados para trás, com tudo o que isso tem de desumano em relação a esses povos e também de ameaçador para todos nós!

Neste momento importa prepararmo-nos para o que temos pela frente. Uma recuperação que depende de nós próprios. Para garantirmos sucesso neste novo tempo temos de trabalhar todos em conjunto, unidos, potenciando a energia das nossas diferenças, sem nos distrairmos com querelas fúteis!

Vamos a isso. Mãos à obra!

Johan Stevens

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