Os municípios de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo apresentaram, na passada terça-feira, os resultados da primeira fase, bem como a logomarca e materiais promocionais do projeto “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora”, cujo objetivo é fazer com que a Serra d’Arga se torne uma referência da paisagem portuguesa, nos domínios dos valores naturais e culturais, através da qualificação, proteção e promoção da sua singularidade paisagística, respeitando a identidade do lugar e a ancestral simbiose entre o homem e a natureza.
Os autarcas dos três municípios sublinharam as potencialidades deste projeto para a Serra d’Arga e para os respetivos concelhos. Miguel Alves, presidente da Câmara de Caminha, referiu a importância de “reunir os instrumentos e começar a fazer um caminho de valorização efetiva da Serra d’Arga”. Para o autarca de Caminha ‘não basta a simbologia da Serra. Pois, Serra d’Arga é valorização do património natural, paisagístico, humano, económico que é possível valorizar no contexto dos nossos concelhos’. Este é um investimento importante para a Serra d’Arga e para os nossos concelhos”, rematou.
Vitor Mendes, presidente da Câmara de Ponte de Lima, disse tratar-se de “um dia histórico”: “é um dia muito importante para nós. É um dia em que os autarcas do Alto-Minho dão um grande exemplo a nível nacional. É o início de um grande projeto, um projeto que só terá sucesso se tiver o envolvimento das populações locais”.
O vereador do Ambiente do Município de Viana do Castelo, Ricardo Carvalhido, referiu-se à Serra d’Arga como a “galinha dos ovos de ouro”, sublinhando que esteve muito esquecida até agora. “Temos aqui um património que é fundamental explorar. A primeira parte, a do inventário, está feita. O interesse agora é classificar este território como paisagem protegida de âmbito regional”, concluiu.
A sessão de apresentação decorreu nos Quartéis de Santa Justa, em Ponte de Lima. Durante a apresentação da logomarca e materiais promocionais deste projeto, Guilherme Lagido Domingos, vice-presidente do Município de Caminha, referiu que a próxima apresentação deste projeto decorrerá em São João d’Arga, Caminha, no dia 22 de maio, Dia Mundial da Biodiversidade. Esta será uma sessão mais pormenorizada do conteúdo de cada um dos domínios e direcionada para os especialistas nesta área.
O âmbito territorial deste projeto intermunicipal incide sobre o território classificado como Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura 2000 “Serra de Arga”, que inclui parte do vale do Rio Âncora e o maciço serrano propriamente dito e corresponde a uma área com 4.493 hectares.
Os principais objetivos do projeto foram: atualizar o conhecimento sobre o território nas suas diferentes variáveis – paisagem, flora, fauna, geologia, património cultural e imaterial, serviços dos ecossistemas, dinâmica turística e socio economia; promover turisticamente o território e divulgar os seus valores naturais, culturais e paisagísticos; promover a interpretação dos trilhos existentes e associar o território a uma marca.
Tendo como principal finalidade divulgar a Serra d’Arga foram criados diversos produtos que resultam das ações e atividades realizadas, nomeadamente estudos técnicos e materiais de divulgação para o público em geral. Deste modo, no âmbito do Atlas da Flora foram identificadas: 546 espécies de flora vascular; 476 táxones nativos; 70 espécies exóticas e 32 espécies RELAPE (Raras, endémicas, localizadas e ameaçadas ou em perigo de extinção). Neste âmbito, registou-se uma descoberta notável: a Scrophularia bourgaeana, encontrada em Arga de Cima, e que é um endemismo ibérico. No âmbito do Atlas da Fauna foram identificadas:126 espécies de aves; 10 espécies de anfíbios; 12 espécies de répteis; 23 espécies de mamíferos não voadores; 10 espécies de mamíferos voadores e 5 espécies de peixes. No âmbito do Atlas da Geologia, foram encontrados 60 elementos geológicos, a maior parte no âmbito da geologia e geomorfologia, 2 no âmbito da hidrologia/hidrogeologia e 4 âmbito cultural (relação com a geologia).
Com vista à disseminação do conhecimento e também à promoção turística do território da Serra d’Arga, o projeto intermunicipal inclui diversos materiais de divulgação. Esta sessão incluiu o lançamento da logomarca e a disponibilização ao público de informação sobre o território, com destaque para a aplicação móvel para acompanhamento dos seis trilhos pedestres existentes (os trilhos do Cabeço do Meio Dia e da Chã Grande (Caminha), os trilhos da Montanha Sagrada e dos Pastores (Viana do Castelo) e os trilhos do Cerquido e do Lobo Atlântico (Ponte de Lima), correspondendo a um total de 70 km percorridos por uma equipa pluridisciplinar). Esta aplicação móvel permite aos utilizadores acompanhar o seu progresso ao longo do trilho e receber alertas sobre a localização de pontos de interesse específicos, a partir dos quais é possível aceder a informação mais detalhada.
Foram apresentadas cinco brochuras temáticas (Paisagem e Cultura, Trilhos Pedestres, Flora, Fauna e Geologia) em português e inglês, cujo objetivo é sensibilizar as populações para a conservação da Paisagem e da Cultura do Sítio de Importância Comunitária “Serra de Arga”.
Nas áreas da imagem e da multimédia foram divulgados um vídeo promocional, com cerca de 2 minutos de duração; e o website serradarga.pt, que constitui o repositório de toda a informação produzida durante o período de desenvolvimento do projeto e permite aceder a todo o manancial de conhecimento gerado sobre a Serra d’Arga.
O Projeto “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora” foi cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte 2014-2020 (NORTE 2020), no âmbito do Eixo Prioritário “Qualidade Ambiental” e Objetivo Temático “Preservar e proteger o ambiente e promover a utilização eficiente dos recursos”. O projeto enquadra-se ainda na Prioridade de Investimento “6.3 Conservação, Proteção, Promoção e Desenvolvimento do Património Natural e Cultural”.