A Nossa História

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Com Viana e o Alto Minho – Uma Aurora do Lima que sabe resistir

A AURORA DO LIMA nasceu a 15 de dezembro de 1855 e é, atualmente, “decano dos periódicos continentais”. À data da sua fundação, aproveitando a abertura política da Monarquia Constitucional, salienta-se, entre outros vianenses, José Barbosa e Silva. Tinha 27 anos e, nas Cortes, apresenta-se como deputado pelo “Partido Progressista Histórico”, de António Alberto da Rocha Páris, enquanto o seu rival, Malheiro Reimão, chefiava o “Partido Regenerador”. Famílias ainda hoje reconhecidas nos meios aristocráticos desta cidade.

José Barbosa e Silva, juntamente com um distinto amigo, Camilo Castelo Branco (CCB), 30 anos, romancista jornalista e novelista – que, segundo Barbosa Xavier, muito provavelmente, se conheceram no Colégio da Formiga, em Ermesinde, Valongo – fundaram A Aurora do Lima.

Os que ficaram pelo caminho

A AURORA sobrevive a alguns dos mais antigos e conhecidos periódicos do país. Tais como o “Conimbricense”; o “Tribuno Popular”; o “Campeão das Províncias”; o “Jornal do Comércio”, de 1852, acabou em 1976; o “Comércio do Porto”, de 1854, que suspendeu a sua edição em 2005; e o “Jornal de Viana”; só para citar alguns. Resistiu o Açoriano Oriental, de 1835, presentemente o mais antigo de Portugal no seu todo. Vieram outros depois e também já se foram. Lembramos o “República” e “O Século”, sem esquecermos o “Diário de Lisboa”, o “Diário Popular” e a “Capital”, entre outros. Resta, então, a AURORA!

José Barbosa e Silva (reconhecidamente de abastada família), conjuntamente com CCB, fundou A AURORA DO LIMA ao serviço do partido Progressista Histórico (vd. “Cem Cartas de Camilo”, carta II, a pg. 6, 1919, Barbosa. L. Xavier). CCB fazia valer o seu peso de escritor e jornalista mordaz — “As correspondências podem interessar ca e la, e o jornal, se me não engana a vaidade, lucrará algumas assinaturas. Não sei. O caso é que as 4 correspondências escrevo-as por 14:400 rs. mensaes — enchendo os 3 lados […]”. Fazia-se assim valer pelo peso de sua caneta!…

Mas, outros interesses ligavam estes dois amigos, nomeadamente as duas irmãs Plácido — de Antónia Plácido com Barbosa e Silva, para além da conhecida paixão entre Camilo e Ana Augusto Plácido que os levou à prisão, mas com visita do Rei, D. Pedro V ao cárcere do tribunal da Relação do Porto, onde estavam detidos.

CCB publicou inúmeros trabalhos, de crítica social e de sátira, sob inúmeros pseudónimos na AURORA: noticiário, artigos de fundo e até folhetins, e tinha ainda o compromisso de prefaciar o romance de José B. Silva: “Viver para sofrer: estudos do coração”, que não chegou a ser editado.

Camilo foi dos primeiros jornalistas remunerados. Fixa-se em Viana a 7 abril, mas, dado a sua irrequietude, com menos de dois meses de estada, regressa ao Porto a 28 maio de 1856.

Barbosa e Silva foi eleito pelo partido Progressista Histórico três vezes nas Cortes como deputado pelo círculo de Viana. Acabou por falecer em 1865 ainda jovem, com 37 anos, não chegando a ocupar o lugar de embaixador em Constantinopla, para onde fora nomeado.

Aproxima-se a República que facilmente toma conta do poder

Surge, então, Bernardo Fernandes Pereira da Silva. Entra para o jornal com 12 anos, em 1878. Onze anos mais tarde, em 1889, com 23 anos, atinge a posição de editor. Passados 8 anos, em 1907, é já seu 8.º diretor, e seu proprietário em 1922, até morrer, em 1948. Dos 70 anos de vida, não conheceu outro emprego que não fosse no A Aurora do Lima: como tipógrafo, depois editor e, por fim, diretor e proprietário.

As páginas d’AURORA, desse tempo, são importantes testemunhos de inegável valor na vida da urbe e da região — em termos literários, artísticos, industriais, comerciais e patrimoniais. Como periódico que soube sobreviver a quase todos os regimes, desde o liberalismo constitucional monárquico, à implantação da República, resistindo aos 42 anos da Ditadura Nacional e sobrevivido nos pós 25 de abril de 1974, por vezes, com períodos difíceis para a imprensa.

A Aurora do Lima hoje

Ao longo destes 168 anos que tem de vida, o A Aurora do Lima conheceu e abriu as suas páginas aos mais conceituados escritores vianenses e nacionais, com destaque – para além de Camilo Castelo Branco – Guerra Junqueiro, Luís Figueiredo da Guerra, José Caldas, Cláudio Basto, João da Rocha, João Verde, Conde d’Aurora, José Rosa Araújo, Cruz Cerqueira, António, e Salvato Feijó, Silva Campos, Severino Costa, Augusto de Castro e tantos outros que a memória não regista, fazendo deste periódico um dos mais conhecidos de Portugal.


Registe-se, com agrado, que o A Aurora do Lima chega a todos os cantos do mundo, particularmente através dos emigrantes portugueses que o assinam com regularidade. Pelo número de assinantes e vendas, estima-se que o jornal será lido por cerca de dez mil cidadãos, particularmente nas aldeias do concelho de Viana, já que em todas elas há um correspondente de serviço, para fazer a cobertura de todos os acontecimentos.

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