Apesar de não ter adiantado muito em relação ao que já se conhece, foi gratificante saber de ruas eliminadas, rever demolições e observar novas construções, agora em 3D, para além da obtenção de umas quantas informações que não são bastante do domínio público.
O passado e a forma como evoluímos para chegar ao ponto em que estamos são sempre questões curiosas, quiçá nostálgicas, e a construção da Av. dos Combatentes da Grande Guerra, a nossa nobre avenida, porque obra estruturante da cidade, que visava o futuro, bem nos toca. No passado sábado, dia 04, cerca das 15 horas, no Auditório Lima de Carvalho, Manolo Gulias Rivas, docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, com o auxílio de um PowerPoint, deixou para os presentes (especialmente autarcas), um conjunto de esclarecimentos que bem ajudam a compreender como foi marcante a construção de uma travessia que dividiu a cidade, obra que não foi de todo pacífica.
Um ano antes da chegada do comboio a Viana, que se verificou a 30 de junho de 1878, já se pensava na construção de uma via fluída que desse acesso ao Porto de Mar, que, apesar de bem longe dos tempos de grande porto nacional que tinha sido, se apresentava ainda como objetivo para o relançamento da economia da região. Se o assunto se pensou e entrou em debate ainda antes da ferrovia cá chegar, só quatro décadas depois se deu início à obra. Construiu-se ao longo de 1917 e, ainda nesse ano, mesmo em terra batida, nela circularam pessoas e carros. A pavimentação da via e dos passeios só ficou pronta em 1920 e, em 1926, já era possível conviver com árvores por onde circulavam os transeuntes. Para o efeito, foi preciso eliminar quatro ruas (Cabaças, Gonçalo Afonso, Fornos e S. João), mais um largo, e demolir 80 fogos, deixando sem teto muitos moradores, que se pensou em abrigá-los em bairro social a construir no Cais-Novo, projeto não concretizado. A partir daqui, Viana tinha mais um instrumento urbano para se modernizar e evoluir economicamente. A modernização no plano urbanístico foi acontecendo, mas no plano económico os resultados foram bem mais lentos.
Foi uma interessante e, por que não elucidativa, palestra, que contou ainda com uma comunicação de José Manuel Lopes Cordeiro, docente da Universidade do Minho, e o autor do “Viana 3D”, que fez uma abordagem de cerca de meia hora sobre a Viana medieval. No final, palestrantes e público aproveitaram para fazer uma visita guiada à urbe, especialmente, à Avenida dos Combatentes e ao tríptico quinhentista da Praça da República.
GFM