A cerimónia de abertura desta mostra aconteceu no sábado, dia 04 de abril, pelas 17h30m. Presentes o artista, a Provedora da Santa Casa, Luísa Vaz Novo, e bastante público, especialmente amigos e admiradores da obra de Pintomeira.
Sobre as “Faces das Madonas do Renascimento”, a obra em presença, e sobre alguns aspetos da sua vida artística e o prazer que para si constitui a pintura falou Pintomeira, algo que boa parte dos presentes bem conhece, pelo acompanhamento que fazem da sua arte, já com um percurso, nacional e internacional de 52 anos. E sobre a satisfação de contar com esta exposição na Galeria falou a Provedora. “Esta casa não tem apenas a preocupação de atender os mais carecidos nas suas necessidades primárias, apesar de ser esta a mais importante das suas obrigações. Valorizar a arte e dá-la a conhecer àqueles que atendemos e a quem nos visita também é uma das nossas missões. E esta exposição toca-nos imenso. Poderíamos até dizer que ela constitui um bom complemento da nossa bela igreja”. Assim se manifestou Luísa Novo, rematando com um “bem-haja por trazer esta mostra à Galeria da SCMV”. Referência ainda para o texto que acompanha a exposição que se transcreve:
Em Amesterdão, capital da Holanda, durante a década de 1970 e, ainda, no seu período surrealista, Pintomeira foi fortemente influenciado pelos temas dos pintores do Renascimento, principalmente os alusivos à mitologia greco-romana. Salientamos as obras Leda e o Cisne de 1977, Apollo e Daphne e Júpiter e Antiope, de 1978.
Com este novo trabalho, Faces de Madonas do Renascimento, o seu 4º tema relacionado com o rosto feminino (Faces 2003, Outras Faces 2010 e Novas Faces 2016), Pintomeira revisita a obra renascentista, sendo, agora, influenciado pelas devotas e piedosas faces das Madonas produzidas durante esse admirável período da história da arte. Se a sua expressão devota e contemplativa nos remete para as obras de temática religiosa produzidas durante o renascimento, estas faces são interpretações individuais de desenho simples e de ausência da lógica nas proporções, portanto, já de estilo maneirista.
Com o título “Faces de Madonas do Renascimento”, Pintomeira apresenta trabalhos em técnica mista sobre tela, sobre papel de fotografia colado em placa de PVC e sobre cartão. Ele usa tintas acrílicas, grafite e pastel para a preparação de um fundo de linguagem abstracta. O seu enérgico e marcante estilo continua presente no desenho das faces das madonas, utilizando o seu, já característico, forte e denso contorno. São recorrentes as figuras geométricas, o tracejado, os drippings e o design gráfico.
A pintura é, na sua quase totalidade, monocromática, onde predominam o preto e o branco e as respectivas gradações de tons cinza. Algumas obras apresentam-se com pequenas manchas de cores primárias.
A Faces de Madonas do Renascimento conduziram assim Pintomeira à produção do seu 15º tema, numa já longa e multifacetada carreira, onde se encontram, também, a fotografia a arte digital e a ilustração.
GFM