Benjamim Enes Pereira nasceu na freguesia de Carreço a 25 de dezembro de 1928, na casa da Bouroa no lugar de Montedor. Era filho de Joaquim Enes Pereira e de Maria Rosa Pires Moreira, lavradores. Faleceu no dia 01 de janeiro de 2020 na Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Viana do Castelo, após doença súbita. Era irmão do Domingos Enes Pereira a quem Pedro Homem de MelLo, em versos, criou o imortal “Fandangueiro” a que Amália Rodrigues, no fado, lhe deu voz. Também era irmão do Manuel Enes Pereira, musicólogo, compositor, escritor, interprete e encenador que muito amou Carreço e o teatro.
Benjamim Enes Pereira encontra-se intimamente ligado à afirmação da antropologia em Portugal, o seu trabalho desenvolvido destaca-se pela importância dos estudos relativos à cultura material e, através destes, pelo profundo conhecimento sobre a sociedade portuguesa, que ajudou a cartografar de modo sistemático. Recolheu por todo o país muitos dos objetos que constituem a base do acervo do Museu Nacional de Etnologia, do qual foi um dos seus fundadores, teve um papel de destaque na renovação da antropologia sobre Portugal. Em 1959 integrou o Centro de Estudos de Etnologia, criado como o primeiro polo verdadeiramente dedicado à investigação antropológica em Portugal. Assim, passou a fazer parte de um grupo de excelência que, a partir dos finais da década de 1950, marcou decisivamente a etnografia portuguesa e a antropologia no país.
Benjamim Enes Pereira fez parte da Junta de Investigações do Ultramar sob a direção de Ernesto Veiga de Oliveira, um grupo de investigadores para além de Jorge Dias, Ernesto Veiga de Oliveira e Benjamim Pereira contava também com a colaboração de Margot Dias e de Fernando Galhano, uma vez inserido nestas duas unidades de investigação científica, trabalhou no sentido da criação de um Museu de Etnologia para que tivesse um caráter universalista, e em que os povos de África, Américas e Ásia figurassem lado a lado com as culturas europeias.
A partir dos trabalhos e pesquisas dos dois centros de investigação e das recolhas realizadas no país por esta equipa, sobretudo na década de 1960 e início da de 70, permitiram constituir, o embrião do Museu de Etnologia.
Benjamim Enes Pereira entre 1963 e 1990, data em que se aposentou, foi responsável pela conceção, execução e montagem de todas as exposições realizadas no Museu de Etnologia.
Durante este período publicou inúmeros artigos e livros da especialidade, quer a título individual, quer em conjunto com os demais colaboradores do Centro de Estudos de Etnologia e do Centro de Antropologia Cultural e Social. Em 1981 foi nomeado para desempenhar funções docentes no Núcleo de Disciplinas de Cultura Portuguesa do Instituto Português de Ensino à Distância na categoria de professor auxiliar convidado.
Benjamim Enes Pereira foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com a Ordem do Mérito, Grande Oficial, em 2001 e homenageado pelo Município de Viana do Castelo com o título honorífico de Cidadão de Mérito da cidade, em 2013.
Deixou-nos com 91 anos de idade, muitos deles dedicou-os à antropologia, com alma e coração.
Com a morte deste carrecense que nos deixou inesperadamente, pois, nada fazia prever que o desenlace acontecesse de forma tão abrupta, registamos uma lacuna na cultura nada fácil de colmatar.