As “nossas” cegonhas brancas migrantes

Chegaram, vindas do sul, voando pela primeira vez no céu de Lanheses, há mais de uma década. Primeiro, ocuparam-se na prospeção de espaços, inspecionando as melhores condições de habitabilidade, testando locais onde melhor poderiam assentar e segurar os materiais do futuro lar. Pelo menos duas tentativas falharam nos postes da rede elétrica. A colocação dos primeiros materiais fracassou. Desistiram.

Foi, então, que chegaram à placa de cimento do topo da chaminé do edifício da antiga Casa do Povo. Como seria possível, num local liso e relativamente limitado, tão exposto à ventania e à chuva fustigante vinda de sudeste, alicerçar e compactar os fragmentos dos ramos de árvores e o feno leve dos prados com que fariam o ninho? Já veremos.

Dona Lala, a fêmea, e o Sr. Lima, o seu par, bem sabiam das dificuldades que poderiam vir a enfrentar. Teriam de por à prova todos os conhecimentos de engenharia inatos para levantar em local tão inóspito quanto improvável para a inteligência humana, um feixe de paus para fazer um ninho onde alojar futuras gerações. Em dois dias já tinham transportado para o local uma substancial quantidade de material; ao terceiro, o dia nasceu agreste, a chuva e o vento fortes fustigaram pela noite dentro a chaminé, na manhã seguinte nem um pau restava na placa do cimo da chaminé.

Desistiu o casal migrante? Nem por sombras! Os voos repetiram-se logo que o tempo o permitiu, a casa ganhou consistência e a dimensão requeridas, o casal de cegonhas brancas pôde fixar-se e procriar tranquilamente dez gerações consecutivas de mais de trinta descendentes.

Por razões de higiene justificadas, houve que desalojar as aves migrantes do habitat que preferiam quando chegaram vindas de longe. Forçadas a encontrar um outro local, acabaram por se instalar no cimo de um tronco seco de uma palmeira de um logradouro particular a curta distância do local anterior. Deixaram de ser atração turística porque o local não é acessível nem notado à primeira vista, mas já vai na segunda série da procriação na nova vivenda.
Até quando?

Largo Capitão Gaspar
Tem dias em que o movimento de pessoas no Largo Capitão Gaspar de Castro é bastante reduzido. Como hoje, quarta feira, cerca das 10h, a meio da semana que precedeu a do Entrudo. Claro que nem sempre é assim.

Apesar de tudo é no período da manhã que, normalmente, a fluxo de pessoas e viaturas é maior. É na procura de géneros alimentares mais prementes para consumo humano e dos animais domésticos, que, lanhesenses e forasteiros, ali vão abastecer-se. Casas de venda de farinhas e cereais, sementes, plantas e legumes serão as mais procuradas. E o talho, a peixaria, a par da oficina de reparação de uma qualquer máquina utilizada na lavoura e na deslocação. Mais tarde, depois das 12h chegam, carentes e apressados , os empregados assalariados para a refeição do meio dia, e são os restaurantes a aviar mais clientes.


Há os cafés, evidentemente, e são vários. Farmácia, serviços médicos no consultório ou domicílio, de odontologia, assistência veterinária, escritório de solicitadora, registo de totoloto, venda de jornais e raspadinha, três escritórios de agentes de seguros, gabinetes de estética feminina, de massagens e de podologia, lavandaria (agente), mini-mercados, escritórios de contabilidade, casa de venda de eletrodomésticos com serviço postal, venda e arranjos de flores, laboratório de análises clínicas, cabeleireiros, gabinete de engenharia civil, padarias, pastelarias, barbearia, fotógrafo profissional, oculista, caixas ATM (2) e uma agência bancária, uma ourivesaria, lojas de pronto a vestir (2), drogarias multiprodutos, escola de condução rodoviária, posto de abastecimento de combustíveis (fora do Largo) e parque de estacionamento gratuito.

Também é provável acertar serviço esporádico com um trabalhador indiferenciado, bem como contratar um operador de catrapiller, trator ou taxista.
Ah!, e tem uma “central” informal de informações capaz de ombrear em quantidade e eficácia com as mais bem apetrechadas da especialidade.

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