A igreja antiga foi reconstruída nas primeiras décadas do século XX.
Proposta eclética com sabor neo-romântico e protomodernista, combinando elementos de arquitetura tradicionalista e erudita, na torre sineira de três registos e na fachada principal. Na frontaria, em empena volutada e interrompida por frontão contracurvado abrigando nicho com a imagem de São Miguel Arcanjo, sobressai a telha vermelha à vista e, no eixo central, portal em aparelho de aresta estriada retilínea a suportar balaustrada geométrica Art Déco.
O revestimento azulejar da frontaria e da torre – padrão novecentista com motivos florais geometrizantes, formando reticulados diagonais – realça a tradição cerâmica de Alvarães, noutros tempos florescente, indústria de barro vermelho com destaque para a telha (telha marselhesa que cobriu palácios de Portugal), singularizando-se da maioria dos frontispícios de templos do Alto Minho, em alvenaria rebocada e caiada de branco ou em cantaria de granito sem reboco.
Na nave, lado da Epístola, capela com retábulo Rococó policromado, sendo a sanefa exterior Neoclássica. Deste estilo desenvolvido nos finais de 700 e primórdios do século XIX são os retábulos colaterais – do Sagrado Coração de Jesus e da Sagrada Família – com douramento integral. Na nave, lado do Evangelho: púlpito com baldaquino em cúpula de talha Neoclássica e tribuna dourada e a fingir pedraria do Rococó final; retábulo de Nossa Senhora da Boa Morte, Barroco setecentista da transição do Primeiro Barroco (Estilo Nacional) para o “Estilo Joanino” (Segundo Barroco), de grande riqueza escultórica.
Nas capelas do “transepto”, dois retábulos revivalistas de madeira entalhada, dourada e em policromia rica de marmoreados fingidos, ao gosto Romântico (diversas estéticas Neoclássicas), de Nossa Senhora da Conceição, do lado do Evangelho, confrontando com o retábulo do Senhor dos Passos.
O retábulo do Santíssimo Sacramento da Capela-Mor é Barroco em estilo Nacional. Apresenta planta em perspetiva côncava e um ático concêntrico, composto por três arquivoltas plenas e dois arcos torsos, cortados transversalmente por seis aduelas. Querubins, pequenos anjos atlantes e folhas de acanto marcam presença, assim como os pâmpanos, cachos de uvas, meninos e fénix nas colunas “pseudo-salomónicas” do Primeiro Barroco, sendo Joanino o Sacrário com putti e coroa real. Na edícula do Evangelho, imagem dinâmica do Padroeiro São Miguel Arcanjo; na edícula da Epístola, Santo António sustentando o Deus – Menino, representado com humílimo burel franciscano.Este retábulo recebeu douramento na década de 1740 (reinado de D. João V).
(Talha, Roteiro no Concelho de Viana do Castelo, da autoria de Francisco José Carneiro Fernandes)