Desfile de Carnaval e a pesca da lampreia

Decorreu na manhã de sexta-feira, dia 21 de fevereiro, o 30.º Desfile de Carnaval do Agrupamento de Escolas de Arga e Lima, em Lanheses, Viana do Castelo. Foi o primeiro no mandato do novo diretor, o professor dr. Leme, o qual sucedeu ao professor dr. Agostinho Gomes, por força da passagem deste à situação de reforma.

A iniciativa envolveu dezenas de alunos, professores e auxiliares de ação educativa dos estabelecimentos de ensino pertencentes àquele prestigiado Agrupamento.

Tal como nas edições anteriores, o peculiar evento que decorre, ininterruptamente, desde a fundação da Escola EB 2,3/S, de Lanheses, saiu à rua pelo itinerário habitual percorrendo pelo lado oeste a Av.ª 25 de Abril, a Rua dos Almadas, o centro cívico Largo Capitão Gaspar de Castro, seguindo depois pela Rua Estrada de Igreja até ao local do início.

Beneficiando das condições muito favoráveis do tempo que se apresentava com sol esplendoroso e excelente temperatura para a época, o desfile interessou não só a familiares dos alunos e respetivos encarregados de educação, os quais compareceram em elevado número, como à população local e das freguesias representadas no cortejo.

PESCA DA LAMPREIA
Ser pescador amador de lampreias não é (nunca terá sido) uma ocupação assim tão compensadora quanto parece para quem a exerce por paixão. Ao contrário do que se possa crer, e salvo exceções que sempre confirmam a regra, a atividade da pesca artesanal do famoso peixe sazonal entre o início de janeiro até maio, é um exercício de extrema exigência legal, complexo, dispendioso e sujeito a fiscalização implacável, obcessivamente persistente e bem apetrechada de agentes, e meios técnicos sofisticados de fazer frente a traficantes de droga.

As regras são ainda mais exigentes e apertadas para a pesca profissional com redes e variam consoante a pesca se exerce a montante e a jusante da ponte de Lanheses.

BARCO
Ter um barco no rio para exercer a pesca implica, além do custo da embarcação e de um motor fora da borda, ter registo e competente licença passada pela autoridade marítima de Viana do Castelo. Não pode iniciar a navegação sem inspeção de uma equipa técnica e será “chumbado” se não cumprir rigorosamente todas as várias exigências dos apetrechos de segurança, como coletes de uso obrigatório, meios de sinalização, inscrição no casco do número do registo, documentos à vista, etc. Apanhado em falta de um qualquer dos equipamentos, a punição é implacável e irreversível.

Ao pescador é exigida “carta” de navegação e pagamento anual de licença de uso.
A atividade da pesca da lampreia está sujeita a regras quanto à época em que está autorizada, às horas do dia em que é permitida e nos dias em que não pode ser praticada, como o domingo.

Certa, constante e imprevista, que todos os pescadores têm em mente é a pressão dos agentes legais das brigadas da fiscalização sobre eles exercida. Têm de se manter tão atentos aos movimentos dos agentes como às lampreias que passam entre os ramos no leito do rio. Infração cometida, avaliada a amplitude e a gravidade, paga coima e…vai a tribunal para a decisão judicial.

Se o Banco de Portugal seguisse o mesmo método, não existira tanto crédito mal parado…
Paga, (Zé) pescador amador. O fisco come, à farta nunca fica satisfeito.
Amanhã, bem cedo, volta ao rio. Está um frio de rachar, é certo, a chover não seria melhor. Não está lá o motor? Raios partam a gatunagem, anda tudo à balda, só se preocupam com inspeções e aplicar multas. O barco tem água dentro? Da chuva ou alguma aresta nas tábuas? Vai precisar de restauro, antes do inverno.

Hoje, não vi uma (lampreia). A água está turva não se descortina o peixe nem mesmo os ramos onde se espera ele se grudou chupando a pedra com a ventosa . Este ano corre melhor do que no último quanto ao número de pescado, ontem tive mais sorte, tirei cinco! Gordas, com tamanho e vista. Mais logo, volto ao rio, talvez haja mais alguma em descanso na subida a não ser que a zona tenha sido invadida por um concorrente menos escrupuloso.

Também acontece. Tal como altercações, às vezes até uns sopapos recíprocos, contudo muito menos assíduos e consequentes do que uma viatura despersonalizada a surgir de supetão na hora azarada.

ÁGUA-ARRIBA ENVELHECE
O lançamento à água da réplica oficial dos antigos barcos água-arriba batizado como o nome “LANHEZES”, que circularam no rio Lima até meados do século passado, assegurando até então o transporte de pessoas e bens das povoações ribeirinhas das localidades entre Ponte da Barca e Viana do Castelo, foi um acontecimento com festa e circunstância envolvendo entidades representativas da freguesia, e, principalmente, parte significativa da população Lanhesense.

Considero a iniciativa uma ação positiva e relevante sob o ponto de vista da evocação da grande contribuição dada pelos antigos barqueiros de Lanheses nas atividades comerciais e piscatórias exercidas no percurso acima referido, intuindo que a navegação da réplica viria a constituir no futuro uma atração local e um meio raro ajustado para promover passeios turísticos e participação em eventos em localidades com acesso ao rio Lima.

Sucede que após um período em que o água-arriba “LANHEZES” desempenhou várias ações que se ajustavam aos fins e utilidade que compensavam a construção, obtendo sucesso e garantindo um crédito de justificado prestígio para o construtor e patrocinadores do projeto, a atividade ficou abrutamente suspensa por falta de timoneiro credenciado e experimentado na arte, levando a que a embarcação esteja presentemente acostada e exposta ao risco de progressiva deterioração, sendo manifestamente insuficientes e irregulares no tempo as ações que nela vêm sendo feitas.

Não tenho dúvidas de que a Junta de Freguesia estará a acompanhar e a envidar esforços no sentido de encontrar a solução necessária e apropriada, a qual, reconhecidamente, se apresenta difícil em acordar um tratador em permanência capaz e disponível, por escassez de escolha dada a especificidade e exigência do cargo, e tendo ainda em conta os gastos avultados para os fundos da Junta. É, contudo, inadiável precaver atempadamente a deterioração da estrutura, a qual, aparentemente, apresenta sinais à vista de progressivo envelhecimento.

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