A Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral (SPAVC) acaba de publicar um documento com orientações para a atividade dos profissionais de saúde ligados ao tratamento do AVC, com o objetivo de continuar a assegurar os cuidados adequados aos doentes durante a pandemia Covid-19.
“Este documento reúne um conjunto de recomendações dirigidas aos hospitais, centros de tratamento de AVC (primários e compreensivos) e profissionais de saúde da área, no sentido de promover a manutenção de cuidados adequados aos doentes com AVC nesta situação pandémica”, adianta a Direção da SPAVC.
O esforço de resposta à pandemia no Serviço Nacional de Saúde está a ter, na ótica da SPAVC, um impacto negativo no funcionamento da Via Verde para o AVC e na capacidade da população em diferenciar uma situação emergente, como é um AVC, de uma situação potencialmente urgente, como é a infeção por SARS-CoV-2. Assim, “a SPAVC mostra-se preocupada com o impacto potencialmente dramático que este facto terá nas taxas de mortalidade global do nosso país, bem como no estado funcional dos doentes com AVC”.
No âmbito deste panorama considerado alarmante, e após reunião virtual (através da organização de um webinar fechado) com os profissionais intervenientes nas diferentes etapas de cuidados aos doentes, foram alcançados alguns consensos e conclusões gerais, a partir das quais a SPAVC emite o referido documento.
Foram definidos 11 eixos de atuação prioritários para manter os cuidados prestados aos doentes, procurando, por um lado, “uniformizar o tratamento atual do AVC por todo o país naqueles que são os pontos essenciais a avaliar, mas com a flexibilidade necessária para que cada equipa possa adaptar os procedimentos à sua realidade local”, apontam os elementos da Direção. As linhas orientadoras delineadas por esta sociedade médica foram as seguintes:
- Manter o acesso e tratamento aos doentes com AVC, “protegendo” a Via Verde AVC;
- Aumentar o esforço de registo e análise de dados sobre a atividade de cada centro;
- Avaliar procedimentos: tratamento agudo do AVC e teste para SARS-CoV-2;
- Reorganizar os centros para assegurar o tratamento endovascular;
- Garantir a adequada proteção dos médicos;
- Reforçar a sensibilização da população;
- Desenvolver esforços para receitas renováveis para anticoagulantes orais;
- Permitir o retorno aos cuidados pós-agudos do AVC (acesso à reabilitação)
- Manter o controlo dos Fatores de Risco Vasculares pré e pós AVC;
- Recuperar as consultas de doenças cerebrovasculares após internamento
- Promover a comunicação constante entre pares
A SPAVC aproveita para lembrar os profissionais de saúde, comunicação social e população em geral que o AVC continua a ser a principal causa de mortalidade e incapacidade permanente em Portugal, ocorrendo com a mesma prevalência e gravidade, mesmo perante a propagação da Covid-19. Aqui, o tempo é um fator determinante: “no caso do AVC, a escala continua a ser aferida em minutos, enquanto na Covid-19, falamos certamente de dias ou semanas”, referem os especialistas, frisando a necessidade de agir de imediato perante um dos sinais de alerta de AVC, ativando a linha de emergência (112).