Aproxima-se a data festiva em que Alvarães iria realizar as suas festas maiores – a Festa das Cruzes e dos andores floridos que teriam lugar nos próximos dias 16, 17 e 18 de maio.
Devido às contingências do momento, as Festas foram canceladas, mas a essência de toda esta celebração mantém-se viva no espírito e até na ação dos alvaranenses. É que a nossa Festa é a Festa da comunidade vivida nos diferentes lugares da vila quando as pessoas fazem os andores. Autênticas obras de arte popular e os apresentam na igreja Matriz e na Procissão perante olhares curiosos e estupefactos de milhares de pessoas.
Mas na matriz da Festa estão as Cruzes, as Cruzes da Via Sacra. Desde tempos imemoriais, em dia da Ascensão do Senhor ao Céu, o povo enfeitava com flores do campo as Cruzes que fizeram parte do percurso doloroso de Jesus. Assim, também a arte floral se associou à devoção sacralizada da Cruz que foi local de suplício e de redenção.
As Cruzes da Via Sacra estão na origem da nossa Festa e hoje são os jovens que ornamentam, enfeitam e embelezam as 14 Cruzes que posteriormente são colocadas no centro cívico da vila. Tradição muita antiga que remonta aos inícios do século XVIII e que, na altura, levava as pessoas em procissão a percorrer as cruzes, que eram enfeitadas, e se encontravam colocadas entre a igreja e o lugar do Calvário, onde ainda hoje existe um cruzeiro.
Esta festividade está arreigada na alma do povo de Alvarães que tem na Cruz do Redentor o símbolo da crucificação, mas também exaltação e vitória de Jesus Ressuscitado que venceu a morte.
Os catequistas de Alvarães não querem deixar passar em branco esta tradição e sobretudo pretendem mantê-la viva entre os mais novos e por isso desafiaram os alvaranenses a assinalarem a nossa Festa. A Festa que é um hino à flor, à flor campestre, e a colocarem cruzes decoradas com pétalas de flores naturais nas varandas das suas casas.
A ideia ganhou raízes e está a gerar forte adesão. Queremos acreditar que em todas as casas haverá uma cruz enfeitada como símbolo da nossa Festa, da alegria, da primavera e da esperança em dias melhores.