Como já fizemos referência neste local, a linha do Minho está em plena modernização com obras adequadas ao tempo presente, as quais são de absoluta pertinência para revitalizar uma linha férrea de vital importância não só no contexto nacional como também internacional, linha essa que se encontrava em estado de declínio progressivo.
Diz o povo “não à bela sem senão”, e tem razão porque no caso presente das obras em curso na linha do Minho na nossa Freguesia o aforismo encaixa perfeitamente com a construção de um paredão na antiga passagem de nível no Campo da Cal, onde chocamos com o senão da bela que citamos. A passagem de viaturas já em tempos foi eliminada com a colocação de uns marcos. Agora com as atuais obras foi erigido um paredão para impedir a passagem de pessoas, concordamos com o impedimento da passagem de pessoas, não concordamos com o paredão.
Este é muito mais agressivo que a velha placa usada em tudo quanto era passagem de nível da CP onde ostentava a autoritária informação: “atenção, pare, escute e olhe”, a qual na atualidade não tem enquadramento possível devido à performance dos comboios do presente, principalmente devido às velocidades em que os mesmos operam.
Portanto, para eliminar a passagem das pessoas foi fácil proceder deste modo. Construir um paredão e foi eliminada a passagem e o objetivo foi atingido, concluído e encerrado. Não é nem pode ser assim tão linear a implantação de um elemento impeditivo do uso regular dum espaço público, ou seja, não se pode eliminar o usufruto de uma passagem cujas pessoas têm necessidade da mesma. Referimo-nos a uma passagem que serve um conjunto de habitações cujos seus moradores têm necessidade para os mais variados fins, tais como transportes públicos, Junta de Freguesia, igreja, cemitério e centro cívico, entre muitos outros.
O problema agora criado a todos quantos moram nas imediações a montante do referido paredão, pode ser resolvido com a construção de uma simples passagem pedonal inferior à linha férrea, a configuração do terreno é favorável tendo em linha de conta o seu desnivelamento e o espaço envolvente disponível, haja pois vontades convergentes para a resolução deste simples problema, mas gerador de grandes dificuldades para quem tem necessidade de utilizar diariamente aquela passagem e agora tem de recorrer à ponte de S. Paio o que obriga a percorrer uma distância considerável em sentido contrário.
No entanto, o fecho da passagem de nível gerou outro problema, este de ordem ambiental. Andamos a defender tudo quanto a natureza nos obsequiou com a sua belíssima doação e agora cai um “meteorito” na passagem de nível no Campo da Cal, ou melhor, cai um aerólito de volumetria considerável e de tom agressivo em contraste com o verde dominante da paisagem, é caso para dizer “no melhor pano cai a nódoa”.
Para complemento e devido à localização do paredão, vamos ter de certeza inscrições como as que por aí vemos em tudo o que é sítio que se presta a essa prática, o que irá agravar substancialmente a problemática ambiental.
Perante estes dois factos que são efetivamente dois problemas, mas que são fáceis de resolver, será necessário tomar uma atitude.
Esta deverá ser tomada por quem de direito com um duplo sentido de serviço, pelas pessoas e pelo ambiente e criar uma passagem pedonal inferior.