Na próxima terça-feira, dia 10, às 21h, a peça “Falar a verdade a mentir”, encenada por António Capelo marcará o arranque da 4.ª edição do Festival de Teatro de Viana do Castelo.
Encenada por António Capelo, a peça, com texto de Almeida Garrett pretende “questionar” o papel dos atores e dos públicos. “Trabalhamos aqui muito sobre a ideia de alicerce do trabalho dos atores, o ritmo e a cadência das interpretações, a ideia de espaço e tempo. É uma espécie de trabalho feito entre nós e que depois vamos confrontar com os públicos para perceber como é que eles reagem”, referia o encenador, que trabalha pela primeira vez com o grupo de Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana.
Garantindo que a peça é uma comédia de enganos, onde a mentira está presente, António Capelo expressa também que é um exercício sociológico para perceber a evolução dos enganos. “Há 150 anos, estas mentiras não prejudicavam ninguém. Do ponto de vista social também é interessante ver como as mentiras evoluíram para chegar onde chegamos hoje. Estas mentiras são devaneios de um jovem amante, que tem uma imaginação que vai para além da própria realidade e que eles consideram mentiras”.
A interpretação é feita pelos seis atores da Companhia, Alexandre Calçada, Alexandre Martins, Ana Perfeito, Elisabete Pinto, José Escaleira e Tiago Fernandes.
“Eu não concebo que o teatro seja a vida, concebo que é a maneira como vemos a vida, por isso acrescentamos camadas da maneira de vermos a vida no palco e depois questionámos isso com o público”, referia o encenador.
Após o ensaio de imprensa, que decorreu ao final da manhã de ontem, António Capelo recordava a sua passagem por Viana do Castelo, na década de 80, na Companhia Tear.
Devido às novas medidas de restrição impostas pelo Governo, os teatros têm de encerrar às 22h30, por isso a iniciativa “Conversas pós-espetáculo” não se poderá realizar.