A abertura de novas estradas é sempre bem-vinda porque são elas a essência do desenvolvimento e do progresso. O enriquecimento da rede viária aproxima as pessoas, as povoações, faz fluir o trânsito, encurta distâncias e é a base do desenvolvimento de todos os setores da economia: agricultura, comércio, serviços e indústrias.
O traçado de uma estrada (e depois a sua concretização) é que podem merecer objeções, e muitas das vezes deixam a desejar, como o caso presente da via do Vale do Neiva. Esta estrada é uma velha aspiração do povo de Alvarães, dos milhares de automobilistas de veículos pesados que por aqui transitam e dos nossos autarcas e a questão primordial que se coloca é se tem que ser mesmo por aqui que deve passar a nova estrada sem causar tanto impacto negativo e tantos incómodos ao centro cívico da nossa vila.
Nestas coisas há sempre um “mas” porque temos a certeza que se o gabinete técnico que elaborou o projeto tivesse alguém aqui nascido ou com mais sensibilidade, teria optado por outra solução. Não cortaria Alvarães a meio e seria mais sensível ao bem-estar da população que aqui reside.
Se observarmos com atenção o traçado da nova estrada não podemos bater palmas por antecipação por razões óbvias: o corte físico e social, no lugar do Viso, entre o sul e o norte da freguesia mata o trânsito rumo ao centro cívico e social desta comunidade. O nosso centro cívico, por excelência, e o nosso comércio local vão perder ânimo e vida e mesmo que a autarquia (ou autarquias que venham a seguir) queira reativá-los com mezinhas de circunstância, nada vão adiantar. Sem gente, as sociedades empobrecem e os comércios fecham. E Alvarães não merece esta “fava” enquanto os outros se vão banquetear com o bolo da satisfação e do desenvolvimento. E quando digo os outros refiro-me às freguesias a nascente de Alvarães que vão ter uma nova estrada, que vão poder usufruir das maravilhosas vantagens de uma via rápida que vai escoar trânsito e que não lhes vai cortar os centros populacionais das suas localidades. Esta é que é a verdade. A estrada do Vale do Neiva vai servir estas localidades sem lhes causar quaisquer incómodos ou inconveniências.
Precisamos da estrada, não questionamos, mas rejeitamos uma “autoestrada” ou uma “via rápida” que nos vem trazer condicionalismos de trânsito, que nos restringe a sociabilidade dos lugares, de vida diária, de convivência familiar e nos subtrai gente ao nosso comércio local.
Na minha ignorância, creio que as técnicas modernas de construção postas ao serviço das infraestruturas rodoviárias poderão alterar o que o traçado nos mostra. Hoje consegue-se tudo ou quase tudo, com semáforos, viadutos, pontes e outras técnicas similares.
Olhemos exemplos que nos rodeiam: a autoestrada A28 não corta nenhuma povoação, nenhuma freguesia, nenhum aglomerado populacional. Aqui ao pé de Alvarães as soluções através de viadutos são evidentes. Nenhuma destas terras se viu privada de poder circular livremente no campo de ação dos seus territórios: São Paio de Antas, São Romão de Neiva, Vila Fria, Mazarefes, Darque, Meadela, Perre, Outeiro… Queremos o mesmo tratamento.
Elevação a vila
No dia 12 de dezembro, no Salão Nobre do Rancho Folclórico, em cerimónia contida pelos cuidados a observar devido à pandemia, a Junta de Freguesia, presidida por Fernando Martins, celebrou o 16.º aniversário da elevação desta freguesia à categoria de vila. A autarquia não quis deixar passar em claro esta data, que diz muito aos alvaranenses, e promoveu uma cerimónia simples, elegante e carregada de enorme significado.
Foi em dezembro de 2004 que os deputados da nação, na Assembleia da República, disseram sim, num ato de justiça assente no desenvolvimento da freguesia, e elevaram a vila esta terra do barro e do caulino, de trabalho, de tradições e de muita antiguidade.
Neste ato solene estiveram presentes a Câmara Municipal, na pessoa do Sr. Presidente, Eng.º José Maria Costa, os vereadores Eng.º Vítor Lemos e Arquiteto Luís Nobre e a Assembleia Municipal através da Dr.ª Flora Silva, Presidente deste órgão autárquico.
Tratando-se do dia por excelência desta vila, a Junta de Freguesia homenageou o vereador Luís Nobre, atribuindo-lhe o título de Cidadão de Honra de Alvarães. Durante a cerimónia foi também apresentada a placa toponímica com o nome de Monsenhor António Fernandes Gonçalves, o pároco desta comunidade há 54 anos, que será colocada na entrada da Rua de acesso à Extensão de Saúde que reabrirá brevemente.
Seguiu-se a apresentação de um projeto de futuro, no âmbito da saúde mental, apresentado pela Dr.ª Ângela Araújo, Diretora Técnica do PASA – Posto de Assistência Social de Alvarães – e pela Dr.ª Sandra Alves, responsável pela dinamização e ação prática no âmbito do CLDS- 4G.
Após várias intervenções, foi a vez do Eng.º José Maria Costa terminar a sessão com palavras elogiosas para com Alvarães e para o dinamismo da equipa autárquica que dirige os destinos políticos desta vila.