Incontinência Urinária: Conhecer para Prevenir e Tratar

O Dia Mundial da Incontinência Urinária celebra-se anualmente no dia 14 de março. Tem como objetivo sensibilizar as pessoas para esta patologia, de forma a se identificar os sintomas precocemente e procurar ajuda de um profissional de saúde, diminuindo assim o impacto negativo na sua qualidade de vida.

A incontinência urinária resulta da incapacidade em armazenar e controlar a saída da urina. É definida como a perda involuntária de urina que se pode apresentar de forma muito diversificada, desde fugas muito ligeiras e ocasionais, a perdas mais graves e regulares. De acordo com a Associação Portuguesa de Urologia, afeta cerca de 33% das mulheres e 16% dos homens com mais de 40 anos. Contudo, só uma minoria das pessoas procura conselho médico, visto que ainda é um tema “tabu” na sociedade, pelo embaraço que causa às pessoas quando decidem apresentar o seu problema ao profissional de saúde, pela vergonha em falar do assunto e pelo facto de ser encarada como fazendo parte natural do envelhecimento. Outra razão de não procurarem ajuda médica também se deve ao facto de desconhecerem que a incontinência pode ser controlada e até curada.

A incontinência urinária, pode diminuir significativamente a auto-estima, a qualidade de vida e limitar as atividades do dia-a-dia, condicionando o bem-estar geral e levando muitas vezes ao isolamento e a síndromes depressivos. A pessoa com incontinência vive com medo constante de ter perdas e de que estas sejam notadas pelos outros, evitando muitas vezes sair de casa. Daí, ser importante detetar os sintomas o mais precocemente possível.

Os principais tipos de incontinência urinária são:

  • Incontinência urinária de esforço – manifesta-se por pequenas perdas de urina na sequência de atos que aumentem a pressão sobre a bexiga (rir, tossir, espirrar, carregar pesos ou saltar). Deriva do enfraquecimento dos músculos do pavimento pélvico e atinge principalmente as mulheres entre os 45 e os 65 anos.
  • Incontinência urinária de urgência – surge de forma repentina e é sinónimo de uma vontade intensa e súbita de urinar. Pode estar relacionado com o envelhecimento, mas também pode surgir em idades mais jovens, podendo estar associada a doenças neurológicas.
  • Incontinência urinária mista – é uma combinação dos sintomas de incontinência de esforço e de urgência.

As perdas de urina têm diferentes causas, tais como: infeções urinárias ou vaginais; gravidez; parto vaginal; obesidade; tosse crónica; menopausa; efeitos colaterais de medicamentos; obstipação; fraqueza de alguns músculos; obstrução da uretra pelo aumento da próstata; doenças que afetam os nervos ou músculos; envelhecimento e alguns tipos de cirurgia ginecológica. Contudo, a grande maioria das causas pode ser tratada com sucesso.

O principal sintoma da incontinência é a perda involuntária de urina, cujo volume pode apresentar grandes variações. Também existe frequentemente a necessidade urgente de urinar, a sensação de bexiga cheia depois de urinar e a perda de força do jato urinário.

Apesar de nem sempre ser possível prevenir a incontinência urinária, existem algumas estratégias que diminuem o risco de incidência. Assim, recomenda-se:

  • Uma dieta equilibrada e saudável, evitando alimentos que promovem a irritação da bexiga, principalmente os mais ácidos.
  • Ingestão de líquidos suficientes para urinar entre 4 a 6 vezes por dia (geralmente 1,5 a 2 litros). No entanto, esta deve ser reduzida antes de dormir, para evitar a incontinência urinária durante a noite.
  • Ingestão de fibras para prevenir a obstipação.
  • Moderação do consumo de cafeína e de bebidas alcoólicas.
  • Evitar fumar, visto que o uso de tabaco pode causar doença pulmonar obstrutiva crónica, ocasionando tosse forte, pelo que pode piorar a incontinência urinária.
  • Manutenção do peso ideal, visto que o excesso de gordura na região abdominal exerce uma pressão adicional na bexiga e aumenta o esforço dos músculos da pelve, o que pode favorecer a perda de urina.
  • Evitar exercícios de alto impacto. Os exercícios de alto impacto, sobretudo aqueles que envolvem o trabalho da região abdominal, exercem pressão sobre os músculos pélvicos, aumentando a possibilidade de perder urina involuntariamente. Contudo, não se deve deixar de praticar exercício físico, pelo que se deve substituir os de alto impacto por exercícios mais leves.
  • Regular os intervalos entre as micções, de forma a não esperar apenas a vontade de urinar para ir ao WC.

 

O tratamento varia de acordo com o tipo, a causa e a gravidade, podendo muitas vezes existir uma combinação de abordagens interdisciplinares com o médico e fisioterapeuta. Pode ser apenas comportamental (orientações e mudanças na rotina), ou usar recursos da fisioterapia pélvica, medicamentos e cirurgias, em casos mais graves.

Em jeito de conclusão, a incontinência urinária é uma condição que afeta a qualidade de vida, comprometendo o bem-estar físico, emocional, psicológico e social. Contudo, é na maior parte dos casos curável e de fácil tratamento, em especial quando detetada numa fase inicial. Assim, é importante, que aos primeiros sintomas se consulte um profissional de saúde.

 

 

Fonte: Associação Portuguesa de Urologia

 

Enfermeira Sandra Coelho Carvalho

Especialista em Enfermagem de Saúde Familiar

 

 

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