“Fernanda do Velho”, assim conhecida na freguesia e pelos amigos, por ser filha de Custódio da Costa Velho, mas o seu nome era Fernanda Ferreira da Costa, faleceu na sua residência, na rua Paço.
Era casada com David Miranda Pereira, mas não tiveram filhos, contudo, foi uma verdadeira “mãe” de muitas jovens, que frequentaram a sua casa, a quem ensinou lavores, corte e costura e educou para a cidadania, de acordo com os princípios cristãos em que fora educada.
Com vastos conhecimentos, das tradições e dos usos e costumes, da nossa região, aquando da formação do Grupo Folclórico de S. Paulo da Cruz, afeto ao Seminário dos Padres Passionais, foi ela que, com seus conhecimentos, idealizou e confecionou os fatos femininos e masculinos que, dentro das tradições do Vale do Neiva, se usavam há mais de cem anos, tendo também contribuído para a recolha das danças e cantares, bem como o tratamento do linho, que ela própria cultivou. Para além disto, tinha um especial pendor para a poesia, cujos poemas eram de muita sensibilidade e foram publicados em vários órgãos de comunicação social.
Temos ainda que referir, que quando o Escutismo abriu caminhos a jovens do sexo feminino foi uma das primeiras a integrar o Agrupamento 85 dos Escuteiros de Barroselas, cuja principal missão era dar apoio aos jovens Lobitos.
Continuando pela vida fora a ser útil à sociedade. Quando foi fundada a Associação de Reformados de Barroselas, em determinados dias da semana, animava os utentes daquela Associação, que tinham por ela um enorme respeito e carinho, conforme uma utente nos manifestou, ao dizer que desde que ela adoeceu e deixou de lhes poder dar apoio, a casa ficou mais triste e sem vida.
Mas não termina aqui a sua forma de estar na vida, querendo sempre ser útil ao seu semelhante, porque pertencia ao grupo de voluntários, que animam as Eucaristias da igreja do Seminário dos Missionários Passionistas, onde era também ministra da Comunhão. Aqui ficam em palavras simples, como ela gostava, um pouco do muito que a “Fernanda do Velho” fez na sua passagem pela terra do vivos, no dizer do Evangelista.
Seja-nos permitido publicar aqui, o seu interessante poema dedicado aos 25 anos do Grupo de S Paulo, que diz assim: Há vinte e cinco anos nasceu/Tem força, tem juventude/E o nome que recebe/É caminho de Virtude.
É um jovem sonhador/A sonhar desde criança/ Se tiver fé e amor/O sonho sempre se alcança.
Toda a gente o conhece/Em muita terra ao redor/E quando ele aparece/É presença de valor.
Sabe dançar e cantar/E vive com alegria/É pena desafinar/Às vezes, na cantoria.
Vem um, a chula pretende/Outros pedem o malhão /Depois ninguém se entende./No meio da confusão.
Mesmo que a alguns pareça/Que este jovem vai cair/Tem bem segura a cabeça/E tem o rosto a sorrir.
Se há membros adoentados/Ou nalgum se sente mal/Que eles sejam tratados/E a força será total.
Com a minha taça erguida/Eu brindo pelo futuro/Que este goivem tenha vida/E chegue a homem maduro.
Também, nesta vila, faleceu o professor Francisco Campos.
O professor Francisco era natural da terra fria de Trás-os-Montes, mas veio com a esposa, também professora, para exercerem o magistério na escolas de ensino primário de Barroselas e aqui se radicaram, perfeitamente integrados, no nosso meio social, de tal modo que o professor Francisco foi chamado para integrar a lista da Junta de Freguesia, onde serviu como tesoureiro, tendo Vasco Lima, como presidente e Marçal Almeida, como secretário.
Nas suas funções na Junta, era um homem muito prestável, conforme me foi dado saber, porque quando eu fui convidado, para, com base nas atas de Junta, escrever o livro “Autarcas de Barroselas-1840 -2004”, ele, que já era membro da Junta, estava encarregue de me entregar os livros necessários, e foi o que fez com toda a disponibilidade e entreajuda.
Por todas essas virtudes, e julgando interpretar o sentir das pessoas de Barroselas, aqui fica esta homenagem, ao pedagogo e ao autarca.
Sentidas condolências aos familiares destes entes queridos.