Assinala-se a 12 de setembro o dia Mundial da Colangite Biliar Primária (CBP), uma doença rara, crónica que afeta primariamente o fígado e atinge cerca de mil doentes em Portugal. A sua progressão silenciosa pode resultar numa doença hepática crónica irreversível, como é o caso da cirrose e o cancro do fígado, sendo determinante a realização de analises para a sua deteção precoce.
A CBP é uma doença crónica do foro imunológico. Não é contagiosa nem se pensa que seja provocada por algo em particular. Cerca de 90% dos casos são mulheres entre os 40 e os 60 anos.
Trata-se de uma doença autoimune, o que indica que é desencadeada por substâncias do próprio organismo que atacam o fígado, provocando inflamação. Colangite significa inflamação dos pequenos canais do fígado (biliares) que transportam a bílis. Primária significa que não se conhece com precisão a causa que desencadeia essa doença.
Guilherme Macedo, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia recomenda que “que por se tratar de uma doença silenciosa, todas as pessoas devem incluir as análises do fígado na avaliação de rotina (ALT, fosfatase alcalina e GGT) para detetar a CBP, entre outras doenças do fígado” e, acrescenta que “trata-se de analises simples, acessíveis a todos e que qualquer médico pode prescrever”.
“Na maioria dos casos a CBP é assintomática, no entanto, o sintoma principal pode ser o cansaço inexplicável ou o prurido. O prurido por vezes é muito incapacitante, levando a feridas na pele, “sinais de coceira”, no entanto, apesar de não ter cura, esta doença tem tratamento no caso de ser diagnosticada precocemente”, esclarece Guilherme Macedo.
As consequências mais graves podem surgir em cerca de 15-20% das doentes com cirrose. Muitas vezes só na fase de cirrose é que surgem os sintomas: ascite (acumulação de líquido intra abdominal), encefalopatia (alterações mentais), vómitos com sangue por rotura das varizes do esófago, emagrecimento acentuado ou então cancro do fígado. Nalguns casos tem que se avançar para transplante hepático. Os doentes com CBP constituem cerca de 10% dos transplantes hepáticos. É uma das doenças com melhor prognostico para transplante sendo a sobrevivência de 90% após 10 anos de transplante hepático.