Ainda no âmbito do denominado “Centro de Mar”, aposta da Câmara Municipal de Viana do Castelo, vamos historiar mais uma modalidade, a Vela, integrada naquele propósito.
A Vela foi impulsionada como desporto organizado, a par da natação, pelo Clube Fluvial Portuense após a sua fundação em 1876, estendendo a sua atividade a Vila do Conde, Santo Tirso e Viana do Castelo, onde, mais tarde estabeleceu filiais.
Desporto organizado, mas timidamente implantado, cedo começou a germinar. Primeiro por particulares que adquiriam os seus barcos para, por puro lazer, praticarem Vela. Depois com a fundação do Sport Clube Vianense, em 1898 e o Viana Taurino Clube, em 1910, desenvolveram-se as diversas modalidades desportivas, entre elas a Vela que, embora não fosse modalidade prioritária, ainda assim organizavam-se várias provas considerando as ótimas condições naturais que possuímos para a prática da atividade marítima.
A Mocidade Portuguesa haveria de lhe dar incremento significativo a par da esgrima e do tiro. As condições para os desportos náuticos (Remo, Vela e Canoagem) eram extremamente precárias, funcionando num armazém que servia simultaneamente de arrecadação de barcos, oficina de autoconstrução e reparação, além de balneário.
Localizado na Travessa da Vitória em local distante da água cerca de 300 metros, obrigava a ter de atravessar as ruas da cidade, com os barcos aos ombros, o que desencorajava a prática da modalidade aos de vontade menos forte.
Os centenários clubes da cidade já referidos, percursores do desporto na cidade, deram guarida à Vela, adquirindo vários tipos de embarcações.
Com a criação da Delegação da Direção Geral de Desportos após o 25 de Abril, iniciou-se a atividade da sua Escola, que funcionou nas instalações da extinta Mocidade Portuguesa e se manteve até 1978, data em que se construiu pavilhão, implantado nos terrenos da Argaçosa, atual Parque da Cidade. Aí, em melhores condições desenvolveu-se um trabalho mais aprofundado, quer em autoconstrução de embarcações ( construção de canoas e manutenção das embarcações) quer no desenvolvimento da modalidade. Era seu monitor António Martins que transitara da MP. A Escola por essa altura mercê das boas condições existentes, contava com elevado número de praticantes de ambos os sexos, pelo que o material existente era exíguo face ao número de utilizadores na aprendizagem e especialização. Valeu o Delegado da DGD que numa das habituais reuniões com o Diretor Geral, em Lisboa, conseguiu “arrancar” 50 OPTIMISTS, embarcações imprescindíveis para o desenvolvimento que se verificava.
A Delegação ainda nesse ano abria dois cursos de Aprendizagem e um de Iniciação à Competição. Funda-se um Clube de Vela por 1980, para onde transitaram todos os velejadores da Escola da DGD, por imposição superior.
A prática da modalidade continuou até aos começos do século XX, quando em 2013 a Câmara Municipal cria novas instalações, exemplares, – O Centro de Vela – junto ao porto de mar, com modelar equipamento constante de amplo hangar, ginásio, balneários, sala de formação, simulador de Vela e outros requisitos e com fácil acesso ao mar.
O Clube adquire todo o tipo de embarcações para aprendizagem e competição, cerca de 32 optimists, seis vaurien, nove lasers (3 pico e 6 ilca), além de outros, que cerca de 100 velejadores mantêm permanentemente em atividade.
Hoje a vela está bem implementada com dinâmicos dirigentes e apoio municipal, participando regularmente em provas nacionais e europeias nas especialidades de optimists e lasers. Também preparam a candidatura ao Campeonato do Mundo de optimists para 2023, na nossa cidade.
Amândio Passos Silva