Duas designers vianenses criaram uma coleção de joias onde “misturam, pela primeira vez”, a prata reciclada. Lia Gonçalves e Sílvia Araújo foram as impulsionadoras desta iniciativa.
“São as primeiras joias no mercado da joalharia portuguesa que juntam a prata reciclada, obtida através do reaproveitamento de peças usadas, e celulose bacteriana, um polímero natural, biodegradável e renovável, que pode ser produzido e otimizado em laboratório para diferentes aplicações”, explicou hoje à agência Lusa, Lia Gonçalves.
A ‘designer’ de joias, natural da freguesia de Vila de Punhe, em Viana do Castelo, acrescentou que “a celulose bacteriana, uma alternativa à utilização de couro, pode ser produzida e otimizada em laboratório para diferentes aplicações, desde a moda aos cosméticos, passando pelo setor alimentar e até na medicina”.
“A junção destes dois materiais na criação de peças de joalharia é pioneira”, afirmou, referindo-se à coleção Ensaio, que concebeu com Sílvia Araújo, ‘designer’ e investigadora na área da moda.
Para as autoras, a coleção Ensaio pretende “sensibilizar para a emergência da ação climática e da moda sustentável, através da adoção de conceitos de produção e materiais mais sustentáveis”.
O objetivo, revelam, é lançar o repto de que “no ‘design’, como na natureza, nada se perde, tudo pode ser transformado”.
Sílvia Araújo, natural da freguesia de Cardielos, a finalizar um doutoramento em torno da aplicabilidade da celulose bacteriana ao ‘design’ de moda, é a responsável pela produção daquele material que Lia Gonçalves junta à prata reciclada para criar os colares, anéis ou outras joias de autor.
“Neste caso, o que acontece é que a celulose bacteriana é usada como complemento estético, mas, devido às suas características, acaba por se degradar naturalmente com o uso da joia. Esta dimensão é imprevisível e permite que a peça adquira novos desenhos à medida que é manuseada, mantendo sempre a função para a qual foi criada. É um processo de cocriação”, destacou Lia Gonçalves.