A freguesia da Meadela nasceu em meados do século XII, no âmbito da reforma Gregoriana, que transformou em sede paroquial uma Basílica dedicada ao culto de Santa Cristina que seria venerada nesta região, particularmente no aro da Freguesia.
Santa Cristina, padroeira da Meadela, é uma Mártir de Tiro, na Síria, do século II a IV. Dela teria vindo aqui parar uma relíquia, que foi instalada num “Martyrium” construído num local próprio, que se situava em zona húmida onde vicejava um amieiral carinhosamente apreciado pelas populações.
Desse amieirazinho que identificava a ermida, veio o nome da futura freguesia, esta identificada pelo respetivo lugar de culto, ficou denominada como Paróquia de Santa Cristina d’Ameadela que o mesmo é dizer “da ermida de Santa Cristina do amieiralzinho”, depois Santa Cristina da Meadela e, a partir do triunfo do laicismo apenas Meadela.
Este território era intenso e diversamente povoado, no século XII em que a população estava dividida por três “Villas”: Meialde e Parede. Nesta época “Villa era a identidade de povoação rural, que teriam sido domínios territoriais, grandes unidades agrícolas, duas delas podiam muito bem ascender à romanidade: refira-se a Meadela e Paredes.
Com a invasão Germânica, as terras foram novamente reapropriadas, instalando-se novas “Villas” em frações das anteriores e assim teriam surgido Touril, Oamonde e Meialde. Ao tempo da Reconquista, aparece como objeto de presúria apenas a Meialde, o que significa a diversidade de estatuto das várias parcelas que cerca de duzentos anos depois viriam a integrar a Paróquia. Em 1258, os lugares habitados eram Meialde (que ia do Rio de S. Vicente ao alto da Senhora da Ajuda), a Meadela e Portuzelo, com populações livres e integradas pela residência ou pelo trabalho ou por ambas no Couto de Paredes.
Com efeito Meialde (hoje Ameal) era terra senhorial laica. Paredes constituía um couto, doado por D. Afonso Henriques ao Mosteiro Galego de Tojos Oucos e a Meadela constituía um território livre, que se governava por um proto embriam de municipalismo e era aqui que se encontrava a igreja paroquial,
Esta localizada na zona húmida dos carregais, e cedo se verificou que não tinha localização mais adequada à pastoral paroquial. Por isso, no século XVI foi decidido transferi-la para a atual localização, num batólito granítico já sacralizado por uma ermida em honra de Santo Amaro. Com o crescimento demográfico, económico e social de Viana, a Meadela, freguesia limítrofe, muito beneficiou.
A nobreza vianense, desejosa de manter quintas de produção agrícola para sustento, venda e mesmo para recreio, foi na Meadela que as procurou sempre construir. Assim aconteceu com a Quinta do Ameal, mas também no Couto de Paredes, que foi objeto de escambro e tornou-se Casa dos Bezerras, nobreza das mais importantes da vila, logo desde o século XV.
Mais tarde foram os Távoras da Casa da Carreira e duas famílias de origem estrangeira: os Rubins que construíram a Casa Quinta de Valflorés, os Werneck e os da Casa do Passadiço.
Em meados do século XVIII, a Meadela tinha 82 fogos e 300 pessoas repartidas por três lugares (Meadela, Portuzelo e Costa,”. Desde então, na Meadela automatizaram-se a Argaçosa, S. Vicente e a Senhora da Ajuda. Nasceu o lugar da Bessa e cresceram os de Fornelos e do Calvário, Matos e Montinho, conferindo personalidade própria a um lugar da Igreja, que se separou dos Carregais e viu nascer ao seu lado o das Caramonas. A Costa cresceu à volta do monte da Meadela, dando origem aos lugares da Cova, Portela e Matinho. Portuzelo, com a sua população e os seus moinhos, entre eles um de vidro também cresceu, fazendo surgir os lugares da Ventela, da Fonte Grossa e da Mina da Batata.
Outras curiosidades
Na primeira referência à freguesia feita no Inventário Coletivo dos Arquivos Paroquiais, VOL.II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, pode ler-se textualmente: “A primeira referência conhecida a esta freguesia remonta ao século X e é citada no Foral de Viana (1258/1262)”.
Em 1258, na lista das Igrejas situadas no território de entre Lima e Minho, elaborada por ocasião das inquisições de D. Afonso III, a Meadela é citada como nina das Igrejas pertencentes ao Bispado de Tui. Denomina-se então “Meiadela”. Em 1320, no catálogo das mesmas Igrejas, mandado elaborar pelo Rei D. Dinis, para pagamento da taxa, Meadela, ao tempo denominada “Ameiadella”, rendia 160 libras.
Em 1444, D. João I consegui do Papa que este território fosse desmembrado do Bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta, onde se manteve até 1512. Neste ano o Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, deu a D. Henrique, Bispo de Ceuta, a Comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho.
Em 1513, o Papa Leão X aprovou a permuta. Quando entre 1514 e 1532 o Arcebispo D. Diogo de Sousa mandou proceder à avaliação dos benefícios eclesiásticos incorporados na diocese de Braga, a Igreja da Meadela (“Ameadella”) rendia 714 réis e 7 pretos. Em 1546, no registo da avaliação a que se procedeu no tempo do Arcebispo D. Manuel de Sousa, dos benefícios da comarca de Valença, Santa Cristina da Meadela tinha de rendimento 30 mil réis.
Segundo o padre António Carvalho da Costa, Santa Cristina da Meadela foi padroado real, tendo-a trocado o Rei D. Dinis no ano de 1308, com D. João Fernandes Sotto-Mayor Bispo de Tui. Era abadia da apresentação de Mitra. Em termos administrativos pertenceu em 1839 à Comarca de Ponte de Lima e em 1862 à de Viana do Castelo.
A Meadela de hoje
Integrada em 1988 na cidade, a Meadela foi perdendo ao longo dos anos as suas características rurais e tornou-se predominantemente num dormitório. Aqui estão sediadas algumas indústrias bem-sucedidas, como a Fábrica da Louça da Meadela, hoje com a produção paralisada, e várias indústrias e serviços, hoje predominantemente instaladas na Zona Industrial da Meadela.
A Meadela de hoje é uma freguesia cosmopolita que acompanhou a evolução urbanística, nem sempre como devia, cresceu e continua a crescer no seu território e conta hoje com modelares instituições que proporcionam aos seus cerca de 13000 habitantes grande qualidade de vida.
A Meadela conta hoje com valências no âmbito do apoio à terceira idade, como Centro Cultural Centro de Dia, Creche, Berçário; Jardim de Infância, Escolas do Ensino Básico, Pavilhão Desportivo, Grupo Desportivo, Associações de Moradores, sendo que a Moradores da Cova possui um campo desportivo com piso sintético; Atividades Culturais e de apoio à criança como a ACEP (Associação Cultural e de Educação Popular); a ACARTE – Associação de Apoio à Tauromaquia; a Associação de Dadores de Sangue; recinto desportivo como o Estádio Manuela Machado, dois Grupos Folclóricos, Agrupamento de Escuteiros, Companhia de Guias, Grupos de Jovens ligados à Paroquia, um moderno Centro Paroquial com Centro de Dia e amplo e funcional Salão de Festas. A Meadela dispõe ainda de uma extensão de saúde e uma USF (Unidade de Saúde Familiar) em início de construção, uma dinâmica Comissão de Festas, contando ainda com três hipermercados na sua área geográfica, e um dinâmico comércio local, incluindo farmácia e turismo de habitação (casa do Ameal), Hotel “A Ponte”; uma moderna e funcional Zona Industrial, Quartel dos Bombeiros Sapadores Municipais e brevemente a sede da Proteção Civil (em construção).
A Meadela possui como propriedade da paróquia, além da igreja, as bem conservadas capelas de Santo Amaro e Senhora da Consolação, de S. Vicente, da Senhora da Ajuda. De referir também a capela da Senhora da Penha, hoje propriedade do Centro Social e Cultural da Meadela e outras capelas integradas nas casas senhoriais. Possui igualmente uma zona ribeirinha na qual se inclui a Praia da Argaçosa e o Parque da Cidade.
No aspeto da rede rodoviária está bem servida por uma rede de vias internas e com ligação à A28 e A27.
Dos seus 300 residentes do século XVII a Meadela conta hoje no limiar do século XXI com cerca de 13000 habitantes.
Refira-se que a Meadela, apesar dos séculos de história, e da sua perda de ruralidade conta ainda com várias casas senhoriais algumas com capela, que continuam a testemunhar séculos que o tempo não apagou, nem apagará, porque constituem a memória coletiva deste povo que é a Meadela, que não abdica da sua cultura, nem da sua história.