Diz o povo “Fecha-se uma porta, abre-se uma janela…”
Isso sentiram os artistas visuais vianenses Carlos da Torre e Arnaldo, depois do cancelamento da sua exposição em Viana do Castelo, na Galeria da Santa Casa da Misericórdia, como foi noticiado na última edição deste jornal, noutros órgãos de comunicação e nas redes sociais.
A janela abriu-se na Serra D’Arga, onde estes artistas vianenses contaram com a solidariedade do pintor vianense Mário Rocha, que abriu no dia 16 de abril a sua Casa do Marco, na Arga de Baixo, em Caminha, local onde todos os anos é realizada a “Arte na Leira”, para acolher a exposição CUMPLICIDADES – Desonestidade, Intimidade e Transparência.
Esta exposição, que permaneceu nesta casa de Artes até ao dia 26 de abril, conta com a curadoria de Acácio Viegas e apresenta obras de Desenho Digital, de Carlos Torre e de Pintura e Cerâmica, de Arnaldo.
No convite para esta exposição foi lançado o desafio aos presentes, amigos e apreciadores da obra dos autores, para transformarem esta abertura num convívio cultural, onde não faltou a música e a poesia, numa tarde de sábado de Aleluia, vivida em ambiente de natureza, onde a Ressurreição da Vida e da Terra mostrava todo o seu esplendor.
E como de CUMPLICIDADES se trata esta exposição, dessas cumplicidades a exposição deu conta. Cúmplices os artistas, por terem sido colegas, como alunos da Cooperativa Árvore em curso que funcionou nas instalações da Santa Casa da Misericórdia, de Viana do Castelo, nos anos 80/90 (CIESA); cúmplices as telas, o barro, as tintas e a tecnologia, por darem forma à ideia e ao conceito dos artistas; cúmplice o corpo humano, por ser o suporte do (muitas vezes) indizível, que só a arte criativa faz transparecer; cúmplices os olhares de quem aprecia, de quem gosta ou não gosta, de quem aceita ou rejeita, de quem vê; cúmplice Viana, porque vianenses os artistas, porque vianenses as caravelas, porque vianense um certo jeito de criar Arte; cúmplices os amigos e amigas, porque acorreram ao chamamento do apoio cúmplice de Mário Rocha na Serra d’Arga.
Por outro lado, a palavra do curador Acácio Viegas, de acordo com o texto do catálogo, diz-nos:
“Juntar o desenho digital de Carlos da Torre, que explora o corpo através de uma técnica de interação com o imaterial, e a pintura e a cerâmica de Arnaldo, que agarra o movimento de forma despreocupada deixando muitas vezes o acaso ser o elemento criador, abre espaço para refletir acerca da desonestidade sobre o corpo e sobre todas as outras fomes que o afetam, e viajar entre o sublime e a submissão com propostas estéticas e materiais onde se espera que a transparência da mente não ofusque a consciência e a intimidade.