O Souto das Neves ou Largo das Neves, como ainda hoje é apelidado, situa-se na confluência das três freguesias — Mujães, Barroselas e Vila de Punhe —, num espaçoso largo ali existente nos anos cinquenta/sessenta. Concebido em terra batida, era o local ideal para se jogar futebol quase todos os dias. A bola de trapos, feita com meias de vidro de senhora e enchida com vários pedaços de pano, era o esférico usado nos “desafios” que ali se realizavam. Bola de borracha não havia! Formavam-se equipas conforme a rapaziada que aparecia. Tudo isto, quase sempre a meio da tarde e depois de terminadas das aulas da escola primária, em Vila de Punhe. Hoje tudo está transformado. Café, se me recordo, havia apenas um. Atualmente são cerca de uma dezena. Houve plantação de árvores, colocação de bancos em pedra e mesmo um chafariz no meio. Enfim, uma série de modificações também no casario envolvente.
Meu pai, naquela época, não consentia que eu saísse para jogar, com receio de alguma doença. Ele próprio sofria de tuberculose, doença que minava, consideravelmente, muitas famílias na época e cujos resultados de cura eram pouco animadores. Receava que eu transpirasse e apanhasse também a terrível doença que acabou por o levar ao seu passamento. No entanto, por ter desobedecido em algumas escapadelas, acabei por apanhar umas sovas… Em todo o caso, estas cenas também se davam com alguns dos meus companheiros, mas outros tinham a liberdade plena para saírem e jogarem toda a tarde. Dependia das famílias.
