Sara Inês Gigante é uma atriz vianense, de Outeiro, que vive em Lisboa, onde desenvolve o seu trabalho. Em julho estreou “Massa Mãe” o espetáculo que criou e onde sobe ao palco como “uma gaiata a esmiuçar parte da sua identidade – a que está bordada com corações minhotos.”
O espetáculo é uma reflexão sobre o que é isso de ser vianense no século XXI, o que é que fazemos com as tradições antigas no mundo contemporâneo e procura explicar o como e o porquê de elas nos estarem tão agarradas à pele. À volta destes temas, Sara cria uma dramaturgia com um enorme dinamismo em palco, onde um texto lindíssimo nos prende do princípio ao fim.
“Massa Mãe” é um espetáculo poderoso, terno, inteligente e belo. Em palco, a Sara Inês Gigante parece que doma um garrano selvagem no alto da serra de Outeiro – no mais telúrico Alto Minho – para nos levar a cavalgar com ele pelas suas memórias da avó Cândida, dos cortejos das Festas d’Agonia, das grandes mulheres, das tradições patriarcais e da igualdade de género, dos lenços bordados e das desfolhadas, das brincadeiras de criança e do trabalho de actriz… e da massa mãe da broa que a sua família partilhava e que ela quer partilhar com os filhos que há de ter.
Um grande espectáculo para ver no Teatro Municipal Sá de Miranda, no âmbito do 6.º Festival de Teatro de Viana do Castelo, amanhã, dia 18, às 21h – e, já agora, porque não ver também as outras peças que o Festival traz a Viana? .
J.A.