Parados no tempo

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Gonçalo Fagundes Meira

Há anos atrás, um amigo abordou-me para que fizesse um escrito a favor da instalação de uma pista de skate na nossa cidade. Tinha um neto entusiasta por esta prática que acabara de ser detido no espaço citadino por agentes da PSP, criando uma situação incómoda, quiçá caricata, pelos contornos que envolveu. Vim a saber mais tarde que, perante diligências de vários pais, havia promessas da parte de vereadores municipais de que a construção de uma pista em Viana para a prática da modalidade iria acontecer em breve.

Agora que também tenho gente apaixonada por este hobby (daí uma declaração de interesses da minha parte), perguntei ao meu amigo se o neto ainda era praticante e onde praticava. Resposta rápida: “o rapaz já tem 18 anos, porém a paixão cresceu em harmonia com a idade”. Sorriso nos lábios, entendendo a minha curiosidade, foi adiantando locais onde era possível os miúdos fazerem boas acrobacias. “O meu vai muito para a Galiza, mas por aqui não faltam boas pistas a começar na da Póvoa de Varzim, que prima pela excelência”. Referiu ainda Ponte de Lima e que parques para esta prática era o que por aí mais havia. “Na internet está lá tudo”, rematou. Manifestando pressa, foi-se afastando, mas ao longe ainda foi dizendo: “olha, se estás à espera de que em Viana também haja pista, espera sentado”.

Não foi muito além do que já conhecia. Apercebendo-me da azáfama de jovens casais a preparar passeios para fora da cidade para que os filhos possam fazer boas corridas e dar uns saltos com razoável margem de segurança em parques próprios e longe de olhares reprovadores dos agentes da ordem, já tinha visitado a internet para saber algo sobre a matéria.

Curioso, não resisto a nova consulta. É desta forma que reparo num trabalho sobre o assunto abundante em informação no portal do JN, na página “Local”, de onde extraio e reproduzo este comentário de um praticante da modalidade, de nome Orlando Conde: “menos de um ano depois de ter sido inaugurado, o parque poveiro de skate arrasta gente de todo o Norte do país e até de Espanha. Aos fins-de-semana são às centenas os que enchem este espaço”.

Pois, é por isso que em dias de folga passeamos na cidade e a sentimos deserta. Bonita, sossegada para circularmos à vontade, sem incómodos para os idosos, que também têm direito a dela usufruir, mas tristonha e quase que envergonhada, dando a ideia de acompanhar mal o progresso que o país vai tendo.
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