O envelhecimento da população é uma realidade que a sociedade tarda em dar resposta. Trata-se de um problema de fundo, a pedir urgentes e abrangentes soluções.
É urgente que as autoridades políticas comecem a actuar. Pois essa realidade sente-se, melhor diria, ocupa já uma elevada percentagem, mas o país não está preparado para os níveis de envelhecimento atuais, e que vão continuar a aumentar.
Nos últimos anos, Portugal foi desafiado a pensar somente numa população activa e jovem. Mas, a realidade demográfica não foi essa. Vivemos mais tempo, o que é, obviamente, uma boa notícia. Porém, temos um problema grave, envelhecemos com menos qualidade de vida, o que significa que temos menos saúde e chegamos a idosos com problemas que outros países não têm.
É tempo, portanto, de encarar uma nova situação. De uma questão cultural que temos de reflectir positivamente, – preocupando-nos, sobretudo, como vamos viver esse outro novo ambiente –, preparando-nos também para enfrentar uma nova realidade de convivência social, colectiva ou não, perante o envelhecimento. Será necessário fazer adaptação de casas e/ou a espaços públicos, que obrigarão a outras tantas novas reflexões sobre o ordenamento do território, que políticas de equipamentos…
A realidade atual é a de um isolamento nas zonas rurais muito disperso, com problemas de difícil resolução, que se estendem às áreas metropolitanas, com situações de pobreza, de acessibilidade, de mobilidade, de precariedade no emprego, de baixos rendimentos, da vulnerabilidade dos idosos que vivem sós. Tanto se pode estar isolado no campo, como no centro da cidade ou na periferia.
Pretende-se uma reflexão sobre as mudanças territoriais que envolvem a sociedade civil, que também tem de se organizar, face à fortíssima atracção pelas cidades do litoral, da população activa e dos territórios de baixa densidade.
Às comunidades intermunicipais apela-se para a sua intervenção no tratamento das propostas que eventualmente lhes cheguem. É que apesar de vivermos mais tempo, os portugueses ainda são dos europeus com menos anos de vida saudáveis, após os 75 anos.
O nosso modelo societário é herdeiro da Revolução Industrial, muito baseado na força física e esses atributos perdem-se com a idade. Agora vivemos numa sociedade que privilegia o conhecimento, pelo que será tempo de adaptar a filosofia de vida às novas circunstâncias.
Impõe-se aprender novas competências esbatendo a chamada 3.ª idade. Viver até aos 100 anos! Mais do que um desejo, a longevidade é já uma certeza. Estamos nós preparados para esta nova sociedade e para as mudanças que aí vêm?
N.A. – A reflexão é recolhida de vários artigos publicados, levando-me a interrogar-me se temos feito todo o necessário para uma melhor qualidade de vida dos idosos. Dir-me-ão que já muito tem sido feito, mas não tenhamos ilusões, muito mais há a fazer. Continuam as barreiras citadinas intransponíveis nas cidades, as poucas iniciativas para participação em atividades do quotidiano, ressalvando que a nossa cidade tem vindo a tomar iniciativas nesse sentido, como os jogos intergeracionais “olímpicos 4All”, que vão já na 5.ª edição com o envolvimento dos 10 concelhos do distrito, e que, quer o IPVC, quer a Câmara Municipal muito têm acarinhado.
São iniciativas como esta que devolvem aos idosos a alegria de não se sentirem “pesos mortos” na sociedade em que estão inseridos. Mas convenhamos que é pouco.
Amândio P. Silva